TUTTI BUONA GENTE
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Muitos poderão achar esquisito. Ué, o Lima com esse sobrenome, nada tem a haver com os italianos. Por que essa simpatia pelo país da bota? Procedente a dúvida! Respondo, sem me considerar ofendido, mesmo porque não há razão para tanto, primeiro, para se ter admiração por uma nação, é desnecessária qualquer relação de origem com a mesma. Segundo, porque sou descendente de italiano, por parte de minha Nona Philomena, cujo sobrenome de solteira era Sacco, pura calabresa mafiosa (que Deus a tenha!), e de casada Scalise. Veio da Itália no começo do século passado, com Nono Pascoal, que não conheci, com todos os filhos, menos minha Mãe Adelina, e meu Tio Ernesto, ambos nascidos aqui no Brasil. Era de Catanzaro. De uma simplicidade fora do comum. Sem qualquer tipo de instrução, falava um “portuliano” que somente nós, da família, entendíamos. Mas tinha uma fibra. Não admitia minha mãe ter empregada doméstica. Ela queria fazer tudo. Sempre morou conosco, até sua morte em agosto de 1961, aos 83 anos. Portanto, convivi com ela perto de 24 anos!
A Vila Assunção sempre foi considerado o bairro mais italiano de Santo André. Já disse em outra ocasião, tratar-se da Mooca, do Brás daqui.
Não erro em afirmar que, 90 ou mais por cento de seus habitantes, têm origem naquele país.
Desde a mais tenra idade convivi com os Tombolato, os Guazzelli, os Brunoro, os Mantovani, os Lucchesi, os Montagner, os Rocco. Sobre estes últimos, houve uma situação interessante. Havia a família Rocco, cujo patriarca, Seu Eugênio, foi grande amigo de meu pai. De outro lado, tínhamos a família Roque, também muito conhecida. Um deles, Seu Euclydes, pai do amigo Tidinho, grande arquiteto e teatrólogo, pesquisou o nome na Itália, e verificou que, na realidade, sua família, originariamente, tinha o sobrenome Rocco. Desse modo, conseguiu na Justiça, alterar seu nome. Os irmãos, ao que me consta, conservaram o Roque.
A grande maioria de comerciantes da época de minha infância, ou era italiana ou descendente, como citamos já em outra ocasião, as vendas do Carmine Rossini, do Guerino Turazza, as do Valentim Zanarolli, do Mário Setti, a do Brait, a Mercearia do Bartolli, os restaurantes Napolitano, o Anchieta, a padaria e pizzaria dos Dal’ Olio, e tantos outros comércios.