labirinto

Mas a vida parecia tão simples para toda aquela gente. Era tudo tão mais complicado pra mim. Disseram-me que o segredo era não se importar, mas eu me importava até com a folha a cair da árvore. Tudo me pesava, tudo me doía. Tive pressa para nascer e, nas entrelinhas do meu registro, tem sensibilidade como sobrenome. Procuro me amar, sempre que posso. Me perdoar, sempre que posso. Mas é meu o peso do mundo ardendo nos ombros e, minha, a pluma flutuando na alma. Conheci os dois lados da moeda, as duas formas de existência. Os que se importam e os que não se importam. E não me arrependo de onde escolhi deixar minhas pegadas. Há um tempo de se ser e um tempo de perceber o que se é. Viver é descobrir-se. E em um desses tempos, me descobri labirinto. Afortunadamente, sou labirinto - desses que a gente acaba se achando vez ou outra. E sinto que não saberia ser mais nada. Em qualquer estrada certa que eu arriscasse pôr os pés, estaria indubitavelmente perdida.