Mesmo nos cafundós da Mantiqueira as tardes de sexta-feira podem ser bastante animadas como junto a uma pensão estilo cabaré mineiro de Guimarães Rosa que existe no Recanto das Cachoeiras na estrada de Serra Negra. Assisti ali na últimas vez que fui verificar a colheita de café, a disputa envolvendo profissionais do sexo que exercem a sua atividade no local, numa azáfama laboral de bas-fond portenho. Naquela sexta, porém, a discussão também envolvia um homem motorizado, o qual ameaçava uma mulher que se preparava para subir para o carro de outro indivíduo. O caso, é como digo, não teria grande interesse se não fosse ilustrado por um linguajar muitíssimo colorido e festivo, quase fogo-de-artifício verbal, pois o homem dizia à mulher alguma coisa como "da próxima vez que eu chegar aqui se você estiver dando pra outro, meto-lhe a mão nas fuças e depois te arregaço, piranha, vai-te lavar por baixo sua puta", tudo quase de um fôlego só, para grande gáudio dos passantes que, como eu, se viram exemplarmente instruídos no mais coruscante vernáculo. A querela, parece-me, teve início sobre a quantidade de atendimentos que a profissional efetuava por dia e a correspondente féria que o tal motoqueiro aplicava nalgum Fundo. Sei lá eu. Espero que o caso se tenha resolvido por bem, sem necessidade de tabefes ou qualquer outra violência física. Pela parte que me toca, vou tentar lembrar-me do episódio toda vez que noticiarem que há funcionários públicos recebendo 14º,15º,16º salários como na Holanda, Noruega ou na Inglaterra, enquanto os trabalhadores “normais” só recebem treze salários.. A menos que nos garantam imediatamente que os nossos salários vão ser equiparados aos holandeses, noruegueses e ingleses, do contrário mandaremos a classe patronal meter aquela coisa e, já agora, lavar-se higienicamente por baixo.
Sei...
Sei...