Irmão mais velho

*Lembro de minha mãe reclamando com o meu irmão mais velho quando encontrava uma chave de fenda, pra abrir um brinquedo que tinha perdido a graça, que deu lugar a curiosidade de saber como funciona a engenhoca, o que é ligado ao que do robô, qual peça dá a força pra levantar o braço com a arma e depois dizer "atenção! Não se mexa. Você está preso!". Sempre foi assim, quando o valor do brinquedo era perdido e preenchido pela curiosidade.

Wellington, arteiro como é definido, aqui na PB, uma criança que é travessa, inteligente para as coisas mais intrigantes, sempre atento para as meninas quando davam bola. Crescendo, encontrou na internet um instituto que disponibiliza os cursos pelos correios onde decidiu por em curso a simples curiosidade e passar para profissionalismo.

Pediu ajuda para o nosso pai, sempre que faltasse o dinheiro pra comprar a próxima apostila, pois sem ela não tinha como passar para o próximo nível e lição. A prática disso tudo? Qualquer coisa que tivesse parafuso e funcionasse a algum tipo de fonte de energia.

Ao término de todo o processo de compra de apostilas, respostas enviadas para o instituto das atividades, acabou se tornando um dos mais esforçados e melhores alunos, por curso a distância, que a escola já teve.

Sofreu bastante para que conseguisse algo para por na mesa, porquê depois de casado as despesas aumentam e tudo mais então, os conterrâneos não valorizaram e ainda não valorizam o que o seu povo tem e pode oferecer, fazendo-nos mudar de estado a procura de melhoras de modo financeiro, pois meu biza-vô já dizia "mente ocupada com que é digno de um bom trabalho, de coisas boas, é difícil pender para o lado das coisas ruins. Claro, tendo Deus acima de tudo para guiar seus passos". Ensinados desde pequenos dessa maneira, vejo que nada foi perdido. Óbvio que não somos santos nem perfeitos, pois viver nesse "mundo de meu Deus" sem ajuda de ninguém é difícil.

E vejo que a saudade que mais uma vez ele vai deixar, assim que voltar amanhã para São Paulo. Não sabia que um cara chato, falando palavrão quando uma coisa incomoda, dizendo frases que no final de algumas delas é terminada com um "foda-se!" fizesse a diferença de que, embora ele faça coisas assim, ele é o meu irmão mais velho. Sempre me provocou quando ganhava coisas legais, ou mais legais nesse caso pois jamais desprezei aquilo que ganhei das pessoas, mas sebe aquele amor fraternal que cada um tem, mas tem aquela vontade de cutucar só pra ver a reação do irmão mais novo? Creio que só entendi agora que, tudo o que dissemos de raiva um para o outro era só um jeito estranho da natureza do homem de puxar alguma conversa - Rhã! Pirralho, sabe como é né? - que todas as vezes que puxamos aquelas briguinhas de socos bestas, de agarrar-se, cair no meio da sala e prender, quem for o mais forte, com um "mata-leão" fajuta mas que dói pra caramba até você dizer "tá bom, me rendo! Me rendo!!" era outro jeito estranho de dar um abraço que o orgulho masculino não "permite" dois irmãos dar só um simples abraço.

Coisas estranhas no meu mundo que quando cresci me deparei com a saudade que um irmão mais velho causa. Um cara com quem você não aguenta mais ouvir as reclamações, mas que tornam o amor fraternal completa. E amanhã, quero ver, se vamos precisar cair no chão da sala de novo depois de muito tempo, depois de adultos, para dar o simples abraço e dizer no lugar estranho de puxar uma conversa só pra dizer: abraço cara. Vai com Deus, se cuida, e mantenha sempre contato pois, depois de tudo o que passamos em relação a brigas de irmãos foram transformadas em boas brigas que há muito não tenho com o meu irmão mais velho.

Se ele chegar a ler tudo isso, ele vai saber o que esse cara aqui ama o primogênito e não tem vergonha de dizer! Bom... pelo menos pra ele é uma coisa normal né.

Wellison Pontes
Enviado por Wellison Pontes em 26/05/2012
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