DA JUSTIÇA E DO AMOR - Na manhã de 26 de maio de 2012

O que importa mais, a justiça ou o amor? Há certos tempos de mim nos quais julgo não haver nada superior e mais necessário do que a justiça. Ocorre que o conceito de justiça é questão controversa: nas relações interpessoais ela se mostra de acordo com o lugar ocupado por cada um, isto é, dependendo do lado em que se está ela tem determinada cara ou cara totalmente outra.

Nas questões do universo público, depende se se está do lado do dominado ou do lado do dominador; às vezes é simples situar-se em um dos dois lados, outras vezes os limites entre ambos se mostram confusos.

E o amor? De novo se me mostram impasses, no âmbito das relações privadas, como também no das relações públicas. Para ilustrar tal impasse, tanto em um âmbito quanto no outro, ocorre-me a de sempre pergunta, axioma para a religião cristã, problemática na minha opinião: "Deve-se sempre amar os inimigos?", seguida dos desdobramentos "Quem é inimigo?"; "Quem é o inimigo?"

São perguntas, porque só sei perguntas. Só sei perguntas. Tento amar, aceitar e perdoar, sempre, no território das relações pessoais; no público, empecilhos graves se colocam; só para citar um exemplo: como amar e perdoar um político corrupto? Também nem tudo é sempre fácil no terreno do privado: em certos casos é muitíssimo, terrivelmente difícil amar, aceitar e perdoar, mas tento, sempre tento, jamais desisto de o conseguir, porque consegui-lo sinto que seja ganhar-me a mim mesma e eu ainda não desisti de ganhar-me a mim mesma.

Se é tão difícil nas relações pessoais, no terreno do público (socioeconômico e outros afins) multiplica-se, em progressão geométrica, a dificuldade de viver a máxima cristã "Amai-vos uns aos outros..."

Na manhã de 26 de maio de 2012.