Saudades

Então você me ligue avisando se vai ou não, só não deixe de dar resposta em cima da hora!

Como um dia qualquer, encontrei Alisson, amigo de infância. Paramos pra conversar e ele me fez um convite de visitar mais uma vez a faculdade, UEPB. Disse que ia, pois a saudade de entrar numa sala de aula sempre se fez presente após o término do colegial. Tomei um banho rápido, pus uma roupa "qualquer" e fui ao encontro de Alisson pra ir, como os alunos chamam, ao busão.

Fizemos o percurso, e curtindo da maneira que me coube, ri com o que os outros conversavam. Me senti um intruso naquele meio que não compartilho há mais de dois anos.

Chegando na faculdade, lembrei do dia em que entrei a primeira vez no colegial. Me senti importante, como sentisse a vontade de pegar o caderno novinho e começasse a escrever tudo o que estava se passando pra mostrar para aqueles que ainda não tinham entrado no local. Entrar num lugar desses, onde você enxerga as pessoas indo e vindo, é muito diferente do que numa rua qualquer, onde você se esbarra com um desconhecido e o mesmo te olha como se fosse te dar um soco e falar alguns palavrões. Aqui não! Aqui tudo é diferente, o jeito que as conversar rolam, a maneira que as pessoas se vestem, até o ar que respiro me passa uma emoção.

E entrar numa sala de aula, depois de um tempo que parece ter sido décadas, é como sentir o cheiro do giz, sentir o pó que cai dele quando é pressionado contra a lousa quando sua mãe te deixa na porta da sala e dizendo "obedeça a titia" quando você pisa a primeira vez numa escola.

Sentado numa carteira onde pudesse passar despercebido, vejo que muita coisa não mudou. Professores agem de forma como antes, apesar que os métodos que são usados com crianças não e compararda das utilizadas com adultos. Vejo aquela conversa paralela, da qual irrita qualquer professor. Vejo os cadernos onde suas folhas em branco contendo apenas as linhas, esperando que a caneta faça a sua parte de passar tudo o que vem na cabeça, após a autoridade da sala de aula passar a atividade. Até nisso pensei que seria diferente, pois os anos que passei sem estudar num ambiente desses, o pensamento de "devo me atualizar no que eles fazem, conversam e agem. Quando é pra mostrar a sua naturalidade de 'aluno'".

Apenas uma coisa deve mudar: a saudade que mora nesse peito, que deve ir, e um dia, se Deus quiser, voltar a frequentar esse meio tão saudável, interessante, corriqueiro, divertido e o melhor de tudo, essencial para tudo e todos.

Wellison Pontes
Enviado por Wellison Pontes em 25/05/2012
Código do texto: T3688114
Classificação de conteúdo: seguro