Perdi o conto
Enquanto levava meu filho para a escolinha, surgiu-me uma idéia para um conto, e lá fiquei a fantasiar enquanto dirigia. Nenhum papel ou caneta para anotar a idéia, mas fiz uma força extra-comunal para manter o enredo na cabeça.
Deixei meu filho lá, preocupada que a história me fugisse e continuei dando corda para as idéias que surgiam assim, do nada!
Aconteceu que num cruzamento, eu estava na preferência da passagem e uma pick-up da volkswagen velha que doía e cheia de tralhas na carroceria atravessa desesperadamente em minha frente, quase batendo, freei em tempo de não acontecer nada pior. Mentalmente disse tanto do impropério, tanto do nome feio, e pensei rapidamente em quantas barbaridades estamos expostos, pelo simples fato de sairmos de casa. Segui atrás dele um tempão, ele me cuidava pelo espelho retrovisor e eu fiquei com cara de nada, pois vai que o motorista tem algum pé na psicopatia homicida e tem alguma reação inesperada?
A minha vontade era dizer com a boca para que ele lesse meus lábios: "barbeirão, me caguei toda". Mas não fiz nada, nadica de nada!
Depois de algumas ruas nos separamos e cheguei em meu destino - sã e salva - para fazer alguma coisa importante que não lembrava o que.
Até agora estou tentando me lembrar da idéia, mesmo que ínfima, um ticozinho bem pequenininho daquele conto que estava borbulhando na minha cabeça e ele simplesmente se foi!
Se foi! Sem me dizer adeus!
Perdi o conto.