Prece da Inspiração

Seis meses é muito tempo. Mas simplesmente não consigo. Sentado à frente do notebook, tentando achar palavras e histórias, tentando achar vidas atraentes, fatos sedutores, personagens interessantes e dignos de terem suas histórias escritas. O começo do problema é quando não os acho. Quando os procuro nos lugares aonde costumavam estar, sempre a minha espera, sempre prontos como que em fila, só esperando a sua vez.

Hoje eles sumiram, me abandonaram e não dão sinais de vida. Levaram com ele a criatividade tão estimada que eu possuía, como se sugassem cada respiro de ideia que surge na minha mente cansada e cheia de preocupações. É querer ter voz para falar e não possuir as cordas vocais, querer escrever e a caneta não funciona. Mesmo que eu a force contra o papel, ela apenas deixa marcas quase que invisíveis no papel, mas não o suficiente para marcar, para deixar impresso algum tipo de genialidade antes abundante, hoje escassa.

Puxar em fatos, buscar na internet algum tipo de inspiração, preces, conversas diárias. Investir em gêneros como humor, terror, suspense, ou romance, gêneros que sempre foram meu alto, meu melhor. Gêneros quais me destaquei. Mas secaram, parecem não estarem por aqui mais. Não mais guardados na gaveta, não marcados nos sonhos. Inspiração sadia e sumida.

Sobre o que escrever? Não queria entregar algo frio, algo morno. Queria entregar histórias que fizessem as pessoas que à lerem sonhar. Ficarem pensativas, discutirem sobre elas, imaginarem estar num conto como aquele. Viver cada situação, cada detalhe. Imaginar cada cena como se fosse um filme. Se identificarem com personagens, se apaixonarem pelo romantismo posto neles, ou temer pelos monstros imaginários saídos de dentro da minha cabeça. Medos internos que hoje não tenho, mas que já marcaram minha vida.

Sobre o que escrever? Falar do planeta? Falar de pessoas comuns? Situações do dia-a-dia? Começar uma música e se inspirar nela? Por onde? Conversando comigo mesmo, tento achar uma escada, um degrau que me faça subir, e que depois no impulso, eu chegue lá com minhas próprias pernas, minhas palavras, minhas ideias e sonhos, materializada numa história inesquecível e elogiada. Não busco fama, busco expressão e reconhecimento. Busco gastar a fonte de ideias, que eu considerava um dom, mas que agora parece estar secando. São milhares de palavras e histórias, de possíveis romances e medos que possam surgir, mas que não se ordenam, que não se organizam, tornando tudo uma grande desordem. Isso dói. Isso dá agonia. Dá tristeza.

Você já teve aquele sonho, aonde algo ruim se aproxima, você tenta gritar e a voz não sai? Pois é como me sinto. Sem palavras, sem um modo de expressar e contar aquilo que eu tinha tanto vigor. E fico à esperar esse surgimento. Sejam monstros, espíritos ou maldições. Sejam princesas, dragões, jovens apaixonados ou bruxas. Quero escrever, e que, assim como escrevo agora sobre mim, as palavras surjam para minha satisfação, e para aqueles que até hoje me acompanham, sempre com sinceridade e consideração.

E por incrível que pareça, agora, escrevendo sobre tentar escrever, saiu algo que podemos considerar escrito...Não sei se profundo, mas que já é um começo.

Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 25/05/2012
Código do texto: T3686854
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