TÁ A FIM DE UMA DENTADURA?

Há algumas décadas, eu categorizava como “velhas” as pessoas que se encontravam nas faixas etárias de 50 a 60 anos. Hoje, quando já completei 57 e continuo com o mesmo pique de outrora, percebo que meu raciocínio era equivocado e sinto que chegarei, se Deus permitir, aos 75 ou 80 com muito vigor.

Sei que os avanços na indústria farmacêutica e de cosmética muito têm contribuído para tal, e a imprensa tem feito o seu papel produzindo programas ou divulgando pesquisas de temas relacionados à qualidade de vida. Confesso que, às vezes, fico atordoada com certas informações completamente contrárias a outras já difundidas. Como exemplo cito a questão de ingestão diária de ovos...afinal, tal hábito faz bem ou faz mal?

O certo é que a possibilidade de uma longevidade saudável tem aumentado a população da terceira idade, chamada de “melhor idade” por aqueles que preferem termos considerados politicamente corretos. Contudo, se por um lado a saúde corporal vai bem para muita gente, é possível dizer que nem sempre a saúde mental a acompanha, ou não teríamos pessoas que nem sabem, mas já estão sendo perseguidas pelo “alemão”: Alzheimer!

O primeiro sintoma dessa doença é a perda de memória de curto prazo, quando o “principiante” começa a se esquecer de fatos recentes e dos nomes das coisas rotineiras. O segundo acontece quando os neurônios começam a morrer, a quantidade de neurotransmissores diminui, aumentando as dificuldades para reconhecer objetos e para executar movimentos.

Hummm... Sobre o que é mesmo que estava falando? (Rs,rs,rs…) Ah, sim!... Na terceira fase o doente vai perdendo a capacidade de falar (porque não consegue se lembrar do vocabulário), não consegue ler, escrever ou fazer as mais simples tarefas diárias. Na quarta e última, o sujeito fica completamente dependente das pessoas que tomam conta dele, sua massa muscular e a sua mobilidade degeneram-se a tal ponto que ele tem de ficar deitado e normalmente vai a óbito por meio de outras doenças como a pneumonia, por exemplo.

Atenta a isso, após 28 anos de atividades educativas no Colégio Cristo Rei, minha amiga Maria Olímpia Dalvi Rampinelli resolveu empreender em negócio que pode retardar ou evitar que o “alemão” nos pegue: ginástica cerebral. Não tenho dúvidas de que ela terá grande sucesso, não apenas porque o mercado seja “fértil”, mas, sobretudo, porque nunca lhe faltou competência técnica em nada a que se dedicou. Aguardem e botem um bilhetinho na porta da geladeira para não se esquecerem de fazer suas matrículas. A minha já está reservada!

Toda essa introdução é apenas para eu relatar fatos recentes ocorridos com o avô nonagenário de uma colega de trabalho. Há algum tempo ele tem apresentado sintomas de “assédio germânico”, ao esquecer-se dos nomes dos filhos e ao externar o desejo de ir para sua casa, mesmo estando dentro dela.

Preocupada a família marcou consulta com uma geriatra, não apenas para ele, mas também para sua esposa. Ao término dos testes, a médica pediu que ambos elaborassem uma frase que fosse iniciada por “Eu me sinto...”. A vovó, com a oratória da brilhante professora que foi, declarou: “Eu me sinto muito bem por ter sido tão bem atendida por uma doutora competente como a senhora”. Na vez dele, a médica ouviu o seguinte: “Eu me sinto um pateta porque a senhora ficou me perguntando se eu sei o meu nome, se eu sei onde eu moro, se eu sei o nome da minha mulher e dos meus filhos, como se eu fosse um demente!”. Quer dizer, ele “rachou” a cara da geriatra, meu leitor, que reagiu soltando sonoras gargalhadas.

O fato é que ele deve estar realmente sendo visitado pelo “alemão”, ou esta semana ele não teria atravessado a perigosa BR 101, para ir ao comércio do seu primogênito, que fica no lado do bairro Conceição. Estupefato com tão inusitada presença, o filho gaguejou: “Pa... pai, o que o senhor está fazendo aqui sozinho, pelo amor de Deus?”. Sabe qual foi a resposta? “Eu vim saber se você conhece alguém que está precisando de uma dentadura, porque eu tenho duas e estou vendendo uma bem baratinho.”

KKKKK.... E aí, meu leitor, quem de nós está a fim de ajudar o vovô?

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 24/05/2012
Reeditado em 25/05/2012
Código do texto: T3685430
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