Caro Joaquim.

Joaquim com 7 anos sonhava em fazer justiça.

Aos 11 viu que não existia isso na casa dele.

Aos 14 era um rebelde sem causa.

Aos 18 era um rebelde com excesso de causa.

Aos 20 entrou pra faculdade de economia, e ao assistir aulas de filosofia, apaixonou-se. Logo no segundo semestre desistiu de economia e foi para o curso de filosofia. No começo conheceu o Culto que faziam a Baco e por fim, passou 6 anos na faculdade, saindo de lá com muita saudade.

Deu aula em colégios públicos e aprendeu muito rápido a lhe dar com os alunos dos mais diversos possíveis. Não deixou de estudar, ainda se sentia um garoto em fase de descoberta, tinha sede de saber cada vez mais.

Um ano depois, decidiu estudar para o vestibular novamente, pois se encontrou em uma nova profissão. Decidira fazer jornalismo! Com muito esforço e sofrimento, penou bastante estudando toda a área das ciências exatas, visto que os cálculos lhe eram um impedimento, tinha muita dificuldade em aprender. Foi bastante complicado voltar a estudar assuntos que não fazem parte da sua área, da sua profissão e vida, eles caem em desuso e se dão por esquecidos.

Não tardou para alcançar seu objetivo. Foi bem interessante a sensação de conseguir passar mais uma vez, o frio na barriga é fora o mesmo. Entrou na faculdade e a partir dai seu dia passou a ser cronometrado. Dar aula o dia inteiro e ia pra faculdade à noite. Seus finais de semana que pareciam passar em um piscar de olhos, ao menos aliviavam sua tensão acumulada. Apesar de não ter tempo para pensar em mulheres, elas o tinham, e davam um jeito para que Joaquim as fizessem feliz. Era um bom moço.

Fez jornalismo por gosto, acreditam? Sim, e continua a dar suas aulas. Agora que terminou a faculdade, dá aula o dia inteiro e aproveita suas noites. Seu trabalho passou a ser mais valorizado e agora possui menos pressão em sua rotina. Agora ele faz as famosas Aulas Show e muitas Palestras Brasil a fora. Já tem uma certa idade e uma vasta bagagem cultural.

Mesmo assim, ele sente um certo desconforto como qualquer pessoa que estudou bastante filosofia ou história. É o desconforto por existir o grande Sistema. Mesmo consciente das imposições da sociedade, mesmo consciente que és mais um número, foi sincero consigo mesmo. "A ambição de uma vida confortável da classe média para sustentar a família, não é um 'costume' sem causa ou por motivo fútil. Vejo que és uma necessidade deveras pois preciso dar tudo de melhor para o meu filho. Oh, um filho é sublime!"

Caro Joaquim mesmo sendo um sábio e consciente do quanto o Sistema é indestrutível, fez o que qualquer índio ou europeu faria. Nasceu, duvidou, imaginou, duvidou mais, criou, procriou, espalhou o seu sentido de existência, sentimento do mundo, seu conhecimento e terminou como todos os outros, só que jogado ao mar.

Caro Joaquim, tão igual quanto João!

Texto dedicado a grande personalidade Ariano Suassuna. Que Deus lhe acompanhe sempre! O nordeste lhe ama!

Ak
Enviado por Ak em 23/05/2012
Reeditado em 23/08/2013
Código do texto: T3684532
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