Eu vivo brigando com as cabeleireiras

 

 

Quando falei aquela história de ‘deixar meu tipo lá na esquina’, pensei em quantas vezes na vida queremos mudar nosso tipo. O físico. Quem não é lindo e maravilhoso nunca está satisfeito, gostaria de ser diferente. Principalmente na adolescência, quando parece que tudo está contra nós. Inseguros, achamos que seria melhor e mais fácil se tivéssemos determinada aparência. Eu que sou baixinha, redondoca e de cabelo crespo, queria ser esbelta, mais alta e ter cabelos lisos. Quanto à altura, não podia fazer nada, a não ser andar o tempo todo de salto alto, o que não me agradava. E nem era possível usar tais sapatos com o uniforme do colégio. Fiz esforços e emagreci um pouco, o que já não era só uma questão de aparência. Tratava-se da minha saúde. E para completar, alisei os cabelos e durante certo tempo fiquei feliz.

Mais tarde descobri que os tão desprezados cachos combinavam melhor com meu rosto e além do mais, chamavam a atenção de maneira positiva. Todo mundo queria saber se era permanente, onde é que eu tinha feito. Cheguei a brincar dizendo que aquela era a verdadeira permanente, pois os cachos tinham nascido comigo e certamente permaneceriam para sempre em minha cabeça. Para comprovar, cá estão eles até hoje e frequentemente costumam ser a causa de minhas ‘brigas’ com as cabeleireiras. Não quero que me façam escovas bem lisinhas. Chapinha, então, nem pensar!