Rio nem tão antigo
 
O Rio de Janeiro já foi sim, de verdade, a Cidade Maravilhosa.
Vou ser rápido, a saudade é grande.  Dá vontade de chorar!  Mesbla, Sears, Sapataria Mota, Polar, não existe uma só delas para contar história.
Quando menino acompanhava minha mãe na Sloper (moda chique).  Ela gostava de olhar.  Casa Granado, tinha tudo de perfumaria, em bancas que você mesmo escolhia.  E outras.  A Sloper tinha vendedoras lindas e elegantíssimas, eu era pirralho, oito, nove anos, mas já ficava de olho e, bons tempos, sempre ganhava carinho de uma...
Antes havia O Príncipe, moda infantil na Avenida Rio Branco.  Sua propaganda nas emissoras de rádio, na época, era a famosa frase “Príncipe veste hoje o homem de amanhã”.  Sou um deles, idoso, bem verdade.  Meu enxoval foi comprado lá.  Pobre do meu pai, deve ter feito uma prestação, era na época jornalista do Diário de Notícias.
A Rádio Jornal do Brasil, com o seu locutor famoso pela voz forte e muito bem empostada, o Majestade (Jorge da Silva), considerada a voz mais bonita do país, era muito famosa pelo pregão “Rádio Jornal do Brasil, Rio de Janeiro. Na capital da República, doze horas”, e soava um gongo precisamente ao meio-dia.  Muita gente ligava ou passava a estação do rádio para a JB, só para ouvir Majestade anunciando a hora.
O Rio já foi muito mais interessante.  O excesso de população arrebentou tudo.
O Café Palheta, na Rio Branco, era um must.  Quando você estava tomando um cafezinho, via ao seu lado um Guimarães Rosa, ou Dorival Caymmi, Nara Leão...  Acabou não sei por quê. Nunca bebi só uma xícara.  Eram duas, com uns três cigarros.  Todo mundo fumava, inclusive médicos famosos.
Hoje a vida é melhor?  Não sei disso não...


imagem:  Café Palheta, Avenida Rio Branco / Google
Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 23/05/2012
Código do texto: T3683483
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