NOSSA LÍNGUA...SNIFF
NOSSA LÍNGUA...SNIFF
Morar em cidade interiorana tem suas vantagens. Hoje saí cedo para ir ao centro a pé, respirando um ar puro e aproveitando para tomar um solzinho aquecedor, nesta bela manhã de outono. Caminhando vagarosamente, fui aos poucos testemunhando a nossa perda de identidade através dos olhos e da língua. A tal da globalização vai nos engolindo e deglutindo de todas as formas, especialmente no falar e escrever. Fui percebendo as mudanças, que só ficam mais visíveis quando estamos a pé, e não chocam tanto, quando estamos motorizados. No meu tempo de criança tinha meu cãozinho e meu gatinho que eram filhotes ou mascotes e agora são pets. Saía com minha mãe para comprar alguma coisa numa liquidação e não off. Minha mãe não andava muito na moda que agora é fashion. As vezes a gente comia um lanche que não era cheeseburguer, ou X-burguer se preferir, nem tampouco hamburguer, era um Bauru ou Misto Quente, ou ainda um cachorro quente e não um hot-dog. As lojas não eram stores, nem um centro comercial ou conjunto de lojas era shopping, a gente comprava um disco e não um CD ( compact disc ). Nessa caminhada tive uma aula de inglês ao passar por Petshops, Sexshops ( aqui tem e é chique no úrtimo ), Off Stores, Coffe Shops, Self Service, Delivery, Laundry, Whiskerya ( escrito assim mesmo ) e mais um sem número de anúncios e propagandas de lojas Foot Company, Star Shop, Park Center, Hair Style, Seller, Best Price, Toy Center, Start Up, Shoe Bizz. Não sou um saudosista, mas confesso que fiquei entristecido e com saudades dos tempos em que ia a sapataria, ao barbeiro ( cortar cabelo ), a loja de brinquedos e principalmente sentia-me brasileiro, antes de ser cidadão global de terceiro mundo. Sniff, Sniff.