VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
É notório o crescente número da violência dentro das escolas. Quantos educadores já foram agredidos verbalmente e fisicamente nas escolas brasileiras. E, se ligarmos a TV, especialmente nos jornais televisivos – o que, para mim, se tornaram filmes de terror – aí é que nos deparamos com barbaridades; com cenas de mortes em escolas. Diante desses fatos muitos educadores sentem medo de saírem de suas casas para seus ambientes de trabalho.
Percebe-se que o jovem – nosso aluno - de hoje está bem além de épocas passadas. Como na minha, por exemplo. Claro, éramos rebeldes, uma vez que a rebeldia faz parte da fase da adolescência. Querer ser diferente, pra poder se firmar como ser social. Entretanto, há vinte e poucos anos a sociedade era outra, os estímulos que os jovens recebiam eram diferentes dos de hoje. As drogas rondavam as escolas, mas hoje elas entram pelos portões escolares diariamente, trazidas pelos próprios alunos. E, nós educadores, ficamos apreensivos sem saber o que fazer, além de temerosos com o que pode nos acontecer.
É mister saber que estes jovens rebeldes, usuários de drogas, na maioria dos casos, têm distúrbios emocionais. Provavelmente um transtorno bipolar.
A bipolaridade é um transtorno afetivo, que se não for tratado, o indivíduo passa a vida vivendo em fases: euforia e\ou depressão. Existem indicativos de fatores genéticos, e o estresse é o principal desencadeante. Na fase de euforia ele se sente o máximo, capaz de virar o mundo ponta cabeça. Já na fase depressiva há uma queda na sua autoestima, além de cansaço, falta de sono e apetite ou pode ser ao contrário: dormir e comer demasiadamente.
Portanto, tanto na fase de euforia, quanto na depressiva o comportamento deste indivíduo se diferencia dos outros. E, sem dúvida alguma, a agressividade vem à tona, uma vez que ele passa a sentir vários sintomas, os quais desconhece. Este é um momento oportuno para se jogar de cara nas drogas, tentando suportar a sua dor. Muito embora saibamos que ele só vai se debruçar noutro problema maior e mais difícil de resolver. Daí a importância de nós educadores termos algumas leituras sobre problemas que afetam nossos alunos para que possamos ajudá-los de alguma forma. Pois se formos bater de frente com eles de nada adiantará, além de estarmos pondo em risco nossas próprias vidas.
É sabido que os problemas de violência e drogas são de cunho social. Entretanto, em nossa cidade, o Estado não dispõe de instituições preparadas para tratar destas questões. O que considero uma negligência, uma vez que pagamos impostos altíssimos e não sabemos em que setor vão parar. Enquanto isso, famílias sofrem precisando de ajuda para seus filhos viciados.
Quem sabe um dia o Estado assume o seu papel e investe em educação, saúde, lazer, trabalho... E cumpre realmente a sua função. Pois quanto mais cedo o transtorno bipolar for detectado e tratado o paciente vive normalmente em sociedade. Para isso é preciso que os professores sejam treinados, por psiquiatras ou psicanalistas, a descobrirem casos suspeitos nas salas de aula, para serem encaminhados aos consultórios. A partir daí, o médico dá o diagnóstico e trata, seja com terapia ou medicação – estabilizadores de humor – ou os dois associados. Isso seria uma medida que certamente contribuiria para diminuir o número de marginalidade.