PALESTRA (primeira parte)
TRECHO DO LIVRO "O Egrégora" romance de Ficção Espírita com 409 páginas
(...)
- Pode levar cem ou mil anos, mas quando todos os egrégoras negativos se unirem teremos na terra outra idade da pedra. O império do mal levará a uma carnificina globalizada: nação contra nação, raça contra raça, irmãos contra irmãos, pais contra filhos; uma matança generalizada como nunca dantes vista! Sobrarão somente os que chamamos de excluídos da sociedade moderna; focos isolados de grupamentos humanos espalhados pelos confins do planeta e totalmente alheios a esse mesmo fim.
- Há alguma coisa que se possa fazer para escapar desse Armagedom - Anne, a mulher que havia formulado a pergunta ao palestrante continuou um tanto constrangida pela risadinha de algumas pessoas existentes no auditório - não sei se empreguei o termo correto?
- Se usou o Armagedom associado a uma catástrofe mundial, empregou-o muito bem; pois é exatamente isso que vai acontecer. - respondeu o escritor, continuando - a resposta à sua pergunta, sobre o que pode ser feito, requer uma análise dos problemas de fundo.
Vinícius, autor de uma dezena de livros sobre entidades pouco conhecidas que povoam o mundo astral, continuou sua palestra para completar os esclarecimentos.
- E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.
A citação bíblica foi colocada pausadamente, enquanto acompanhava a reação de cada um dos presentes. Depois, continuou:
- Isso, como tudo o mais que acontece com um indivíduo ou com a humanidade, está previsto como possível; mas não precisa necessariamente acontecer. Tudo que nós passamos é para o nosso bem e para o nosso crescimento, para nossa evolução; por isso, se houver agora uma mudança de comportamento, nada disso precisa de fato ocorrer. A vida não perde tempo com inutilidades!
Anne voltou a erguer o braço e dessa vez Vinícius reparou na beleza da moça. Morena clara, alta, magra, olhos castanhos claros; sentada na primeira fila, vestindo uma calça jeans customizada e blusa top tomara que caia branca com o símbolo do movimento ecológico estampado, deixando à mostra um corpo bastante escultural. A demora em atender ao sinal fez com que a moça agitasse um pouco o braço num movimento de leque, isso chamou sua atenção e disse:
- Pode perguntar - olhou novamente a moça, antes de continuar - senhorita Anne.
- O que é iniqüidade?
A pergunta fez com que o auditório novamente sufocasse um risinho desdenhoso, havendo até um comentário jocoso de um não identificado participante “E nem é loira!”
Vinícius tinha certeza que a maioria dos presentes também não sabia o significado da palavra e, se o soubessem, era pouco provável que entendessem seu emprego no contexto bíblico. Mas, preferiu colocar a resposta à brincadeira de uma maneira mais categórica:
- Muito boa pergunta senhorita Anne, eu mesmo já parei para refletir várias vezes sobre esse tema, sem, contudo, conseguir compreendê-lo plenamente.
Olhou por cima de todas as cabeças antes de prosseguir:
- Em uma única palavra, iniqüidade significa maldade. Entretanto, ali ela esta colocada como a soma da maldade do homem.
Como a turma permaneceu em silêncio, talvez porque se sentiram pegos zombando da própria ignorância, a moça resolveu arriscar uma nova pergunta:
- Você disse que se nós passarmos por esse Armagedom vai ser para o nosso bem; como pode ser isso?
Dessa vez todos permaneceram em silêncio, provavelmente reconhecendo a pertinência da pergunta ou numa manifestação do interesse à resposta. Isso motivou o palestrante:
- O Criador não criou a maldade, até porque era desnecessário, o homem fez isso com louvor. Não apenas criamos o mal, mas o personificamos em nossos demônios: O Diabo; Satanás; Lúcifer e tantos outros.
Vinícius deu uma pausa, colocou água até a metade de um copo, bebeu vagarosamente; enquanto isso o auditório permanecia em um completo silencio. “Sinal de interesse!” Concluiu em pensamento, antes de continuar:
- Kant enxergava o homem como propenso ao mal, embora com uma disposição originária para o bem - Vinícius bebericou rapidamente no copo antes de continuar - a maldade não é uma invenção de nossos tempos, mas nem por isso podemos nos furtar à responsabilidade da sua criação e sua evoluída existência até os dias de hoje.
Anne voltou a perguntar e dessa vez sequer deu ao trabalho de levantar o braço, estava agora dirigindo o interesse do grupo; havia conseguido impor respeito:
- Se a maldade não é uma invenção de agora, de que maneira posso ser responsável pela sua criação?
“Esperta a garota! Vem seguindo um estilo original e conciso!” Vinícius concluiu em pensamento antes de responder:
- Em tempos imemoráveis, em uma de nossas tantas vidas passadas, ajudamos a criá-la com nossos pensamentos, atos e omissões maldosas; daí para cá a temos alimentado cada vez mais. Em outras palavras, somos pais e mães dos egrégoras formados pela energia ruim que emanamos; mesmo às vezes não dando conta disso e ainda que fazendo em comunhão com outros tantos que pensam e agem da mesma forma.
- É feio perguntar o que é egrégora?
- Feio é fingir que sabe, sem saber! - Vinícius olhou para os demais e perguntou ao grupo:
- Alguém mais não sabe o que é um egrégora?
Todos permaneceram quietos, o que fez mudar a forma de perguntar:
- Quem poderia nos explicar o que é um egrégora?
Instantes de silêncio e depois o comentário de um dos participantes:
- Acho que ninguém sabe o que é isso!
- Isso... Senhor... - não obtendo imediata resposta à pergunta indireta, Vinícius se aproximou da segunda fila onde estava sentado o cavalheiro, posicionando-se a uma distância que desse para ler o nome diretamente no crachá de identificação, completando - Senhor Augusto, esse é o nome que damos a um ser criado unicamente pelo homem. Uma forma-pensamento que não pouca das vezes é muito poderosa. Eles são seres coletivos, ou seja, formados pela união de pensamentos, sentimentos e emoções de duas ou mais pessoas que tenham o mesmo propósito.
(...)
"O Egrégora" no site do escritor www.viniciustadeu.com