DIÁLOGO AOS JOVENS

Evilazio Ribeiro

A Maturidade é a capacidade de suportar a incerteza da vida, sabendo que não existem fórmulas prontas para educar uma pessoa. Os pais aprendem com acertos e erros. Um dos caminhos que eu uso, como pai e marido, é procurar dialogar com uma geração que fala um pouco diferente da minha. É preciso entrar na linguagem deles e muitas vezes surge o conflito de gerações. A formação do adulto começa nas primeiras fases da vida, é mais difícil impor limites na adolescência, além de ser mais trabalhoso, o resultado é mais lento. Princípios morais e éticos devem ser formados desde cedo, isso ajuda os jovens a discernir o que é melhor para eles. Outra coisa importante, são os exemplos e testemunhos do discurso dos pais, dentro de casa. Não adianta dizer ao filho que não se deve mentir e acabar por fazer isso na frente dele, isso provoca tumulto na mente da criança. A chamada liberdade vigiada. Saber quem são os amigos deles e onde moram é fundamental Formar jovens éticos e equilibrados em uma época em que a sociedade dá mais valor ao consumo do que à vida, em que o estabelecimento de limites soa como constrangimento e a falta de tempo para estar com os filhos é realidade diária pode parecer tarefa difícil. Mas, quem lida como consultor, com equipes de homens no trabalho diário, vivencia, como a paternidade ensina, que é possível cultivar o desenvolvimento saudável dos futuros adultos, as equipes que hoje e do amanha, evitando que se transformem em tiranos ou criminosos no mundo em que vivemos. Como em casos de violência que repercutiram nos últimos tempos, no nosso Estado, envolvendo jovens. Basta oferecer a eles o que todo ser humano precisa e que costumeiramente chama-se a base de qualquer sociedade: FAMÍLIA. Leio sempre que educadores e psicólogos afirmam que ter família é fundamental a toda criança e adolescente. E ter não significa somente pertencer a um grupo formado por pai, mãe, avó, tio e irmãos. Mas se sentir acolhido e amado por esse grupo, aprender no convívio o que deve ou não ter valor, o que é direito e dever. Se esse não for em primeiro lugar o papel da família, não saberia dizer de quem seria. "A família hoje é uma instituição em crise"... O fundamental para os pais, deveria ser a determinação de estar junto dos filhos, de dialogar. Defendemos o diálogo, a combinação, mas admitimos que há momentos em que é preciso ditar regras. "Quando o filho tem certeza do amor, apesar do conflito, o que prevalece é a confiança." E se os adultos ainda não perceberam o papel que devem exercer, acreditamos que algumas instituições podem ajudar a educar os adultos. Seria importante que igrejas, associações de bairros e movimentos sociais acreditassem na família e alertassem os pais para a formação dos filhos, como fora no meu tempo de jovem, na minha inesquecível Parnaíba no Piauí. Homens e mulheres precisam aprender o que é ser pai e mãe. Não há mais a rotina de tomar café, almoçar e jantar juntos. Sem a convivência, os pais não conhecem o que está chegando aos filhos e estes não têm o referencial que deveria ser dado pela família, essencial para fazer suas escolhas diante do bombardeio de informações do dia a dia. É preciso não só ampliar, mas melhorar a qualidade do tempo dedicado aos filhos. O exemplo é mais educar e não adianta usar as horas disponíveis só para cobranças ou para arrumar a casa, porém, mesmo dando o melhor de si, os pais não conseguem evitar distúrbios nos filhos, acredito que os pais também têm medo de estar junto aos filhos e preferem não impor limites, temendo ser tachados de invasores de privacidade, evitando o confronto. Uma criança de hoje ´é cidadão do amanhã!

publicado no jornal O ESTADO em Fortaleza