AUTOCONSIDERAÇÃO E AUTOCONHECIMENTO.

AO MARCELO BRAGA.

Da Ética de Spinoza à Alavanca de Arquimedes estamos sempre na margem terceira de um rio....

A inconclusão é inerente ao ser humano. Fosse concluída a investigação febril dos que se entregam a buscar a pacificação do entendimento, chegando à compreensão, último e mais nobre estágio do pensamento humano, porta segredada à inteligência, inexpugnável e intimidatória, desafiante, cerrada a nós os comuns, teríamos abortado com freio enérgico os conflitos, todos, os intimistas, cujos enígmas não se revelam às nonadas a que nos entregamos, e àqueles contrafeitos entre os que habitam essa célere passagem corporal.

“Quando nossa autoconsideração é demasiada, reduzimos nossas possibilidades de autoconhecimento”; considera Marcelo Braga, amigo conterrâneo. E remata afirmando com proveito querer liberdade para evoluir.

A autoconsideração eleva a possibilidade do autoconhecimento. Precisamos nos autoconhecer para que haja autoconsideração do que somos. Somente nos autoconsiderando podemos considerar o próximo. O norte é nos conhecermos, interiormente.

Quem não se autoconsidera não considera ninguém, não se autoconhece, processo difícil e de complexidade absoluta já que importa em se aceitar, aceitar suas verdades das quais ninguém pode se esconder

Não se ama a ninguém (considera) se não amamos a nós mesmos. E distante do que seja capital em desvios, a autoconsideração é impositiva e necessária, para nossa realização pessoal, sem soberba, pretensão, desvios de personalidade distantes da Lei Moral.

Ninguém vive à margem de si mesmo; “extrema si tangunt”, os extremos se tocam.

Nossa relação com o mundo exterior que esgota universalidades, pelo processo volitivo, convive sem possibilidade de afastamento do nosso interior, rejeitado ou não, por nossa consciência.

Se autoconsidera quem se autoconhece, se a autoconsideração sofre de demasia e foge do controle não houve autoconhecimento efetivo, ocorrendo desvios indesejados.

A falsa espiral de três centros (Arquimedes) é como a terceira margem do rio, é falsa. Engloba os “pecados” da cabeça, do “ caput”.

A representação pode estar em zênite e nadir, pontos que estão distanciados(mais alto e mais baixo) mas podem se tocar sem restringir a liberdade com responsabilidade, interior e exterior, autoconsiderar-se autoconhecendo-se.

O novo que não reedifica nunca edificou e remotamente edificará, é como a impossibilidade de reeducar quem nunca foi educado, não faz nascer, mata. A liberdade crítica da "paideia" grega deve ser o móvel de quem educa ou se autoeduca, sob pena de involução.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 21/05/2012
Reeditado em 22/05/2012
Código do texto: T3680724
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