Não para

Aqueles dias em que a gente fica com a impressão de que a vida escorre entre os dedos e a gente perde completamente o controle sobre todas as coisas do universo.

Vão acontecendo, passando por cima da gente, os prazos expiram, as pessoas querem, os editores ligam, o computador queima, os filhos ficam com febre longe de casa no horário do expediente, a roupa tá na máquina pra estender (ih, acho que vai ter que lavar denovo...), o tênis não seca porque choveu o final de semana inteiro e acaba descolando a sola, a menstruação desce bem longe de casa, a cabeça ameaça doer (não tenho tempo pra isso!), os amigos fazem aniversário mas não deu pra olhar antes no facebook e tu fala com a pessoa e nem lembra que era o dia do aniversário dela, os comentários sobre a Xuxa não fazem sentido mas não dá pra comentar porque tem-se mais o que fazer, novos amigos surgem, a fonte importante não atende o telefone para o desespero geral da nação dos editores que lidam com repórteres freelas, a outra fonte marca só para sexta-feira uma entrevista que já deveria estar editada, o fotógrafo volta do outro lado da cidade para fazer uma foto que ele tem só meia hora para fazer e está sob tua responsabilidade por telefone, vontade de tomar coca-cola (ué... estranho...), fome? não..., agora não posso, em pauta com o pai entre um telefonema e outro um assunto família bruscamente interrompido pelo "alô" do outro lado da linha, e-mail divertido de um amigo, e-mail técnico de uma fonte, SMS redentora sobre a febre dos meninos que baixou, vontade de fazer xixi, será que esse apartamento vale o preço que pedem?, show do Teatro Mágico em Blumenau (quem da minha lista gostaria de saber disso?), lembranças do passado, o filme de ontem estava ótimo, lá embaixo as pessoas buscam seus filhos na escola.

Toca o sino da igreja.

É hora de tomar café com pão.