Brincando com a ficção
Ela, a escritora, escreve, escreve , escreve: não cansa de buscar inspirações. Pode ser num banco qualquer, encharcada pela tempestade, tentando matar seu personagem principal. Ou em cima de uma mesa. Rá, ali sua mente viaja e ela, sim, está no topo de um edifício, sentindo o vento tocar seus dedos enquanto a imensidão parece tão tentadora. Ou apenas olha para o papel (seu cigarro queimando) repetidas vezes como se fosse seu pior inimigo.
O personagem é. Ele não deixa de ser um segundo se quer. É até demais, risos! Seu jeito metódico é (haha) o fato mais nítido em sua personalidade. Mas quando ele começa a ouvi-la (à escritora) tudo torna-se insano: ele está na sua mente; ele existe, é real; ela, coitada, não sabe.
A escritora sente-se tão envolvida na sua história que talvez a insanidade de seu herói tenha lhe atingido brutalmente.
Ela ri. Ela chora. Ela debocha.
Ela brinca tanto com seu personagem, nem imaginando ele ser mais do que uma estranha ficção.
Texto baseado no filme “Stranger than Fiction” (Mais estranho do que a ficção).