Crônica #095: DO INSETO MUTILADO AO POLÍTICO OBTUSO

Crônica #095: DO INSETO MUTILADO AO POLÍTICO OBTUSO

BOSCO ESMERALDO

Outro dia, encontrei um inseto pulando em suas patas dianteiras e as medianas. Sabedor de que os insetos são artrópodes de seis patas, achei curioso aquele fato!

Percebi que as duas patas traseiras haviam sido mutiladas juntas com seu aparelho digestivo por algum predador. Ele ia em fuga apenas com seu corpo das patas medianas para suas anteditas que não eram de vinil, como as do Chapolin Colorado.

Era uma cena trágica e nada cômica. Não consegui identificá-lo. Difícil era saber que o mutilado alado teria capacidade de regenerar-se como a barata o tem. Então, solícito, resolvi abreviar o seu sofrimento. Assim, com o coração partido, o "eutanasiei". 

Fiquei depois matutando entre minhas orelhas: Há muita gente pelas quais passamos diariamente. Muitas delas sofrem algum tipo de mutilação, quer seja física quer moral. Não seria assim que agimos com os pobres desvalidos? Será que não desejaríamos uma eutanásia, uma morte digna? "Los Hermanos", nossos vizinhos sulistas, já conseguiram criar a "Lei da Morte Digna". É a "lei do menor esforço", porque, enquanto houver vida, respiração, há esperança. Pelo que pude entender, permite a família ou o próprio paciente consciente, mas em estado terminal escolher não ser mantido vivo por meio de aparelho.

Ontem recebemos a boa notícia de que o famoso artista que saíra de um coma induzido e jazia em coma natural recupera a consciência e respondia satisfatoriamente aos estímulos do médico. Que bênção! Mas fico a me perguntar de fosse um cidadão comum, receberia os mesmo cuidados e tratamento adequado?

Meu sogro poderia até ter sido um desses "Pedro" famosos, visto que bravamente lutou com ufano ardor e heroísmo em Monte Castelo, Montese, Colechio e Fornovo na Itália, na Segunda Guerra Mundial. Ledo engano. Nem o Governo, muito menos aqueles profissionais da Saúde pensaram assim. Um tempão por demais precioso foi desperdiçando enquanto ele jazia enfartando numa maca da ambulância, até que chegaram a um acordo e, vergonhosamente, meu sogro quase inconsciente teve que assinar dois cheques no valor total de vinte e cinco mil reais para ser admitido para tratamento já inútil, visto ter ele ido a óbito em menos de quarenta e oito horas após sua admissão naquele matadouro. Ups! Quis dizer nosocômio (hospital).

E os "Sem Teto"? O que temos feito por eles? A culpa de eles estarem dessa forma é somente deles ou parte dessa é também nossa?

Fica aí, no ar, a pergunta. De uma coisa estou bem certo, temos uma ótima oportunidade para, pelo menos tentar, mudar essa realidade. Voto certo é a solução. Até 1998 poderíamos votar nulo para Se não tivéssemos candidatos confiáveis poderíamos anular as eleições e convocar uma outra sem nenhum dos políticos profissionais e vezeiros administradores do próprio umbigo. Infelizmente fomos tolhidos desse direito e ainda chamam isso Democracia, um governo que deveria ser do povo, pelo povo e para o povo.

O poderíamos fazer por essa "Nossa", enquanto "Nossa Nação"?

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 21/05/2012
Reeditado em 08/06/2012
Código do texto: T3679281
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