AQUÁRIO DE SÃO PAULO

O metrô de última geração parou silenciosamente na estação Alto Ipiranga, descemos por escadas automatizadas e depois de contornar o amplo saguão alcançamos a rua que, por ladeira íngreme nos levaria ao aquário de São Paulo, o belíssimo parque temático que nos transporta através de imagens vivas ou reconstituições de cenas pretéritas, aos ambientes aonde viveram e ainda vivem os animais, cujos exemplares vivos e bem cuidados, apresentam comportamentos totalmente divorciados dos reais em vida livre.

Logo na entrada, num recinto à direita, repousam as duas serpentes Píton (Pyton regius) e Sucuri (Eunectes murinus) que são as espécies de maior porte, vivas na atualidade.

Nos enormes aquários podemos ver as espécies que povoavam o Rio Tietê na época em que ele era um ecossistema vivo, bem antes que a nossa irresponsabilidade o tivesse transformado no atual esgoto a céu aberto, negro, fétido e morto.

O albinismo é o fenômeno em que o indivíduo portador é incapaz de produzir a melanina responsável pela cor da epiderme.

Geneticamente falando trata-se de um gene recessivo e que por isso só se expressa quando em dose dupla, isto é, os cromossomas dos seres que se reproduzem sexuadamente, óvulo e espermatozoide devem conter os genes do albinismo e quando esses cromossomas se unirem no momento da fecundação, darão essa característica ao novo ser.

Em vida livre é muito raro que portadores de albinismo cheguem à idade adulta vez que, por lhes faltarem os pigmentos escuros, que servirão para confundi-los com o ambiente, serão presa fácil para o predador atento.

Mas em cativeiro, no ambiente controlado pelo ser humano, podemos ver jacarés do pantanal (Caiman yacare), rã, serpente e até tubarão albinos.

Além dos peixes, destaque para os ornamentais, podemos ver répteis, batráquios, mamíferos como o ratão do banhado (Myocastor coypus), bugio preto (Alouata pigra), tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla), peixe boi amazônico (Trichechos inunguis), leão marinho (Otaria byronia), lontra (Lontra longicaudis), morcegos da ilha de Java (Pteropus vampyrus), e muitas aves, entre elas os simpáticos pinguins de Magalhães (Spheniscus magellanicus).

Os organizadores da mostra prepararam um ambiente em que se procurou recriar o período dos grandes répteis.

Bem atrás da porta uma monumental réplica do esqueleto de um Tiranossauro rex, mais adiante a reconstituição de uma cena do período Jurássico, com um dinossauro saindo do ovo recém-eclodido.

Depois de uma curva, mais a frente, uma família do homem de Neandertal observa um ser humano atual (Homo sapiens sapiens) colocado do outro lado da passarela.

Passamos mais de duas horas obervando as atrações do parque e principalmente a reação dos seres humanos de todas as idades que, envolvidos como estão nos afazeres atuais, olham para aquele espetáculo natural como meros expectadores, muitas vezes sem se darem conta de que tudo aquilo existe, de que somos os atuais herdeiros daquelas belezas e de que, por nossa irresponsabilidade, estamos sofrendo as consequências da degradação que provocamos nos ambientes, os quais recebemos por empréstimo e que, mais cedo ou mais tarde, teremos que entregar para as gerações do porvir.