Generalização, o fascismo admitido

É incrível como a generalização é permitida no caso das drogas como algo positivo, mas é da mais pobre ingenuidade. Sabe-se que toda generalização corrompe a tese. A generalização enfraquece o cérebro, impede que se exercite na busca da verdade. Acabo de ler um poema que é um libelo ingênuo contra as drogas, mais um angelical. Fala em autoflagelação de acordo com a mentalidade televisiva implacável semeada pela mídia em geral.

Primeiro o poema não define que tipo de droga assusta tanto o autor. Ficamos alheios se é a morfina ou algum anestésico para a dor. Para casos de câncer temos drogas altamente necessárias, assim como o baseado para casos de AIDS, a coca para a turma nativa da Bolívia com mais potássio do que a banana, etc.

Segundo é melhor proibir o fascismo gerado sobre as drogas do que a droga propriamente dita. Pensem mais os ingênuos quanto ao efeito das orações cândidas. A especulação política e militar da questão segue a lógica do trabalhador braçal, mecânico. Drogas não combinam com máquinas. É altamente compreensível e educável. Inserir toda a sociedade neste processo de discriminação é veemente tolice histórica. Claro que os militares desejam homens saudáveis para o sangue coagulado das guerras, revoluções, conflitos. São mais objetivos e práticos. Outros experimentam liberdade apenas em sua manifestação subjetiva, muitas vezes diante de janelas que dão para paredes.

Outra coisa que o poema inspirou, além da ingênua compreensão do mundo é a sua natureza classista. Decerto se vê o pobre massacrado ainda mais pela ausência de prazer. Reduzido a nem isso. Dá impressão de que o autor jamais viu mansões repletas de alegria colorida. O rico vê as drogas regadas pelo direito financeiro do livre arbítrio, entre champanhe, uísque e se precisar anfetaminas. Eles afinal assistem ao South Park. Os pobres sempre constituíram ás drogas dos ricos que possuem o controle dessa economia de mercado através de bombas nas favelas.

A generalização é a histeria do momento. Somos histéricos por leis. A lei é a histeria da generalização. (A educação não). A crença na lei redentora dilui a fábula de que haverá modificações até dos vícios de origem inserido, por exemplo, nos computadores. Existem quatrocentos milhões de vírus no computador. Vamos criar uma lei! Não tem lei? Lei para computador tem que ter. Sabe o que a lei vai fazer? Massacrar seres humanos digitalmente. Olhando para o medievalismo dos calabouços da nossa federação o tema se esgota no esgoto humano dos processos quando 99,9% é composto de pobres.

As pessoas obsessivas são aquelas que alcançam o reino da flagelação através das drogas e tudo não passa de alcoolismo.

È estranho o quanto os bêbados refutam a ideia de que são drogados. Sentem-se num patamar acima da dos drogados. Mas o caminho da felicidade química é igual. A generalização vem enfiar a faca nesse bolo de fígado que não respeita exceção: Nem todas as pessoas que bebem (portanto se drogam) são alcoólatras. Que razão nos leva a ocultar isso das crianças, dos jovens limpinhos, religiosos afáveis...

Por que temos que fazer poemas que são libelos totalitários contra as drogas? Verdadeiro bulingue contra drogados? Verdadeiro massacre nacional contra os drogados. O mundo é tão drogado que não giraria sem elas. A generalização é uma droga horrenda. Todos são doentes, todos acabam loucos, todos cometem delitos, todos vivem horrores, todos assaltam e cometem crimes hediondos. Tudo está ligado a droga na grande generalização de outro problema, a incapacidade de resumir o próprio mundo diante do próprio espelho.

Se oculta o imenso lucro do pacto obscuro e cínico do capitalismo limpinho. O mesmo que promete limpar o mundo das drogas enquanto sabe que isso é lenda vergonhosa. Lenda que se vale da generalização popular. Lenda que engana o povo confundindo-o: Ué tem droga boa? Não. Toda droga é flagelo. Passa um palheiro, dá um cafezinho, toma uma pinga.

O Brasil das ordens a serem seguidas é: Procurem tentar o nível de ser super homem através do atletismo, do esporte, sem o tabuleiro de xadrez é claro.

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Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 20/05/2012
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