COLECIONANDO DECEPÇÕES

Já reparei que a maioria das pessoas se decepciona com escolhas que fez e com outras tantas pessoas. Se decepcionam até mesmo as que provocam as decepções em nós. Mas então por que voltamos a acreditar e confiar? Será por masoquismo? Ou porque não aprendemos a lição? Sempre me pergunto isso e a única razão que consigo encontrar é que nosso coração é bobo. Ou sofre de amnésias. Ao menos o meu é assim.

Tirando algumas lembranças que são realmente muito dolorosas, as que sobram vão diminuindo a dor com o passar do tempo. É como o sofrimento do parto: horas sofrendo contrações horrorosas e, quando ouve o choro de seu filho, aquela mãe nem se lembra mais das dores que sentiu e recomeça a chorar, mas de alegria. Se não fosse verdade, a maioria nem tentaria o segundo filho.

Entendo a bobeira do meu coração… Por mais dolorosa que seja a desilusão, houve momentos em que ele se alegrou, se divertiu, se expandiu, se emocionou. E isso pesa muito mais que o desapontamento. Pesa tanto que quando surge nova oportunidade, se entrega e se arreganha novamente sem titubear. É uma nova chance de dar certo, uma oportunidade que talvez não volte, uma tentativa com probabilidades de sucesso. Quem pode prever o futuro de uma entrega ao outro? Se temos essa capacidade de regenerar o coração tão rapidamente, por que guardar tanto amor? Não é melhor amar, se entregar e, se for o caso, deixar doer, mas se sentir quente e vivo? Não sou dessas de apenas passar pela vida sem nela realmente viver. E novamente me entrego.