SEGUNDA-FEIRA
Segunda-feira deveria ter um dia no ano destinado à comemoração do "Dia mais chato", porque ela realmente o é! Claro que seria um feriadão duplamente comemorado!
Perguntem ao Alfredo o que ele acha, agora mesmo que acaba de acordar amuado, estremunhado, suado, ressaqueado e que, sem coragem de olhar o relógio, se dirije ao banheiro para uma ducha que ele espera melhorar o seu aspécto lastimável.
Segue-se o ritual de vestir-se, o que ele faz com um só olho aberto, após o que dirije-se ao elevador (que demora pra burro) e desce à garagem, ao encontro do seu amigão do peito: o velho Fusca - o Possante.
Com certeza é a coisa de que mais gosta, depois da partida dos seus pais (que Deus os tenha) e do adeus da Teodora, sua mulher (já foi tarde).
Cuida dele mais do que a si próprio; dá-lhe constantes banhos, aspira com cuidado seu estofamento, cuida do seu polimento, enche-o de gasolina aditivada e traz seus pneus sempre calibrados corretamente.
Antes de abrir a porta (que ainda era de chave mesmo), cumprimenta-o com um "bom dia, Possante", sem o que o dito cujo se negaria a pegar.
E lá vai ele, agora já bem melhor, encarar o transito, desafiar a sorte, dar e tomar sua aula de sobrevivência diária e pôr à prova sua capacidade de ouvir e não dar atenção aos impropérios que lhe serão dirigidos, não por imperícia ao volante, (eu dirijo muito bem) mas, sim, por pura inveja do carrão.
Bem, na "mui leal e heróica cidade de S.Sebastão do Rio de Janeiro" uma coisa é chegar ao destino e outra, muito mais difícil, é estacionar. As áreas próprios são para os que chegam no lusco-fusco da madrugada, o que não é o caso do nosso amigo, mas mesmo nas ruas há que ter sorte e, desta vez, o Alfredo teve.
Em marcha lenta, como em procissão, divisou um escaninho e meteu o pé no freio, o que provocou, de imediato, uma série de palavrões vindos lá de trás.
Após idas e vindas, tempo em que recrudesciam os elogios dos outros motoristas, Alfredo consegue estacionar, não sem antes tirar uma casquinha da calota do lado direito no meio-fio.
Refreando uma imprecação, Alfredo sai do carro, rodeia-o e vai ver o estrago na calota já ostentando outras pequenas mossas. - Coitado do Possante, diz, pezaroso, e rapidamente retira a calota e troca-a pela da esquerda, a do seu lado, imaginando, com isso, afastar o azar que parecia recair sobre aquela.
No trabalho, com andamento em "slow motion" o dia trasncorreu pachorrento e, findo o expediente, volta o nosso Alfredo à procura do Possante, como Romeu ansioso pela Julieta.
Encontra-o e, olhos esbugalhados, à beira de um infarto, vendo mas não querendo acreditar, depara-se com o tenebroso quadro; todo o lado esquerdo, de paralama a paralama era um amassado só! O retrovisor simplesmente desaparecera, a calota trocada jazia, em cacos, sobre o asfalto.
Estarrecido, em choque, Alfredo fica ali parado, olhando, olhando, até que percebe uma papeleta presa ao parabrisas; retira-a e, com tristeza, percebe tratar-se de uma multa por estacionamento em local não permitido!
Arrasado, entra pela porta da direita, senta-se no lugar do carona e fica dando palmadinhas no painél do carro, até que, não contendo as lágrimas, desabafa:
- Te falei, Possante, segunda-feira é, mesmo, um dia de merda!
(não deixe de ler o colega Beto Machado )
Esta foi uma das minhas primeiras crônicas e que teve um só comentário, o do colega Carlos Sena, a quem devo, portanto, o gol de honra.
Seguindo os passos do mosqueteiro Gilberto Dantas, achei por bem fazer o seu "remake", na esperança de conseguir, pelo menos, mais um leitor.
Segunda-feira deveria ter um dia no ano destinado à comemoração do "Dia mais chato", porque ela realmente o é! Claro que seria um feriadão duplamente comemorado!
Perguntem ao Alfredo o que ele acha, agora mesmo que acaba de acordar amuado, estremunhado, suado, ressaqueado e que, sem coragem de olhar o relógio, se dirije ao banheiro para uma ducha que ele espera melhorar o seu aspécto lastimável.
Segue-se o ritual de vestir-se, o que ele faz com um só olho aberto, após o que dirije-se ao elevador (que demora pra burro) e desce à garagem, ao encontro do seu amigão do peito: o velho Fusca - o Possante.
Com certeza é a coisa de que mais gosta, depois da partida dos seus pais (que Deus os tenha) e do adeus da Teodora, sua mulher (já foi tarde).
Cuida dele mais do que a si próprio; dá-lhe constantes banhos, aspira com cuidado seu estofamento, cuida do seu polimento, enche-o de gasolina aditivada e traz seus pneus sempre calibrados corretamente.
Antes de abrir a porta (que ainda era de chave mesmo), cumprimenta-o com um "bom dia, Possante", sem o que o dito cujo se negaria a pegar.
E lá vai ele, agora já bem melhor, encarar o transito, desafiar a sorte, dar e tomar sua aula de sobrevivência diária e pôr à prova sua capacidade de ouvir e não dar atenção aos impropérios que lhe serão dirigidos, não por imperícia ao volante, (eu dirijo muito bem) mas, sim, por pura inveja do carrão.
Bem, na "mui leal e heróica cidade de S.Sebastão do Rio de Janeiro" uma coisa é chegar ao destino e outra, muito mais difícil, é estacionar. As áreas próprios são para os que chegam no lusco-fusco da madrugada, o que não é o caso do nosso amigo, mas mesmo nas ruas há que ter sorte e, desta vez, o Alfredo teve.
Em marcha lenta, como em procissão, divisou um escaninho e meteu o pé no freio, o que provocou, de imediato, uma série de palavrões vindos lá de trás.
Após idas e vindas, tempo em que recrudesciam os elogios dos outros motoristas, Alfredo consegue estacionar, não sem antes tirar uma casquinha da calota do lado direito no meio-fio.
Refreando uma imprecação, Alfredo sai do carro, rodeia-o e vai ver o estrago na calota já ostentando outras pequenas mossas. - Coitado do Possante, diz, pezaroso, e rapidamente retira a calota e troca-a pela da esquerda, a do seu lado, imaginando, com isso, afastar o azar que parecia recair sobre aquela.
No trabalho, com andamento em "slow motion" o dia trasncorreu pachorrento e, findo o expediente, volta o nosso Alfredo à procura do Possante, como Romeu ansioso pela Julieta.
Encontra-o e, olhos esbugalhados, à beira de um infarto, vendo mas não querendo acreditar, depara-se com o tenebroso quadro; todo o lado esquerdo, de paralama a paralama era um amassado só! O retrovisor simplesmente desaparecera, a calota trocada jazia, em cacos, sobre o asfalto.
Estarrecido, em choque, Alfredo fica ali parado, olhando, olhando, até que percebe uma papeleta presa ao parabrisas; retira-a e, com tristeza, percebe tratar-se de uma multa por estacionamento em local não permitido!
Arrasado, entra pela porta da direita, senta-se no lugar do carona e fica dando palmadinhas no painél do carro, até que, não contendo as lágrimas, desabafa:
- Te falei, Possante, segunda-feira é, mesmo, um dia de merda!
(não deixe de ler o colega Beto Machado )
Esta foi uma das minhas primeiras crônicas e que teve um só comentário, o do colega Carlos Sena, a quem devo, portanto, o gol de honra.
Seguindo os passos do mosqueteiro Gilberto Dantas, achei por bem fazer o seu "remake", na esperança de conseguir, pelo menos, mais um leitor.