A televisão que merecemos

Albert Einstein cuja participação na construção da bomba atômica (ou nuclear) foi fundamental, declarou que temia as consequências do seu mau uso, mas as circunstâncias o obrigaram a optar por revelar seus conhecimentos e colaborar com a construção do artefato nuclear.

O que tem Einstein a ver com essa crônica?

Nada ou tudo.

Mesmo assim utilizei a sua participação em uma arma que em um determinado período foi útil e evitou uma catástrofe maior para a humanidade.

Assim aconteceu com Vladimir Zworykin em 1923, quando apresentou sua primeira ideia de uma TV, a qual foi aprimorada possibilitando o surgimento da primeira transmissão, analógica, em 1924 em Londres. Ele jamais imaginou que seu invento pudesse ser tão mal utilizado, tornando-se um objeto de consumo obrigatório e tão disputado pelas redes mundiais e brasileiras.

No Brasil surgiu em 1948, a primeira transmissão (uma partida de futebol feita por Olavo Bastos Freire na cidade de Juiz de Fora MG).

Era então iniciada a escalada para a dependência da Televisão nos lares brasileiros.

Das transmissões em preto e branco, analógica, feitas pelas primeiras emissoras do país até os dias de hoje com as transmissões digitais e via satélite, a parte técnica avançou de forma acelerada, transformando-se em um sistema de primeiro mundo.

Em contrapartida, a qualidade da programação não evoluiu tanto quanto a técnica, a qual sofreu um processo inverso. Tornou-se um poderoso instrumento formador de opinião, pois está presente em todos os lares brasileiros, até na zona rural, coisa incomum até a alguns anos atrás.

As grandes redes populares, canais abertos (não pagos), exibem uma programação altamente danosa à nossa estrutura religiosa e familiar.

Lideradas pela Rede Globo, as emissoras brasileiras, estimulam um modismo inventado por eles para se tornarem diferentes e exclusivos. Uma vez que a censura não os pode alcançar, abusam desse dispositivo sem nenhum critério, banalizando a vida da família brasileira. O sexo é estimulado entre os jovens, de uma forma banal e sem critérios ou ética. O que é contrário à cultura brasileira que sempre pregou o sexo como um instrumento do amor entre duas pessoas que se unem legalmente. O sexo livre pregado pela televisão, mudou o panorama da juventude brasileira que hoje tem orgulho de aos 12 anos anunciar que não é mais virgem. Aqueles, que resistem, por uma questão de uma formação mais conservadora são considerados “caretas”, o que por força da opinião as empurra para o sexo livre e generalizado, sem nenhum controle.

Além disso, pregam em seus programas, novelas em geral, a degeneração da família e o desrespeito das crianças e adolescentes pelos pais e pelos professores, gerando um conflito que causa um enorme dano à nossa sociedade. Os filhos não respeitam mais os pais, nem seus professores chegando ao absurdo de agredi-los quando são chamados a atenção ou quando recebem uma nota baixa. A família acusa a escola pela má formação e a escola acusa aos pais pela falta de educação básica, mas ninguém assume a responsabilidade. Ao invés de atitudes trocam acusações. Ninguém fala da má influência dos programas de Televisão.

Li a declaração de um bispo da Igreja Católica (Dom Henrique Soares, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracajú-SE, no site http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/28414-o-lixo-big-brother-bispo-da-igreja-se-manifesta-sobre-programa )

O religioso declara o seguinte: “E quando se questiona a qualidade da programação e se pede alguma forma de controle sobre os meios de comunicação, as respostas são prontinhas: (1) assiste quem quer e quem gosta, (2) a programação é espelho da vida real, (3) controlar a informação é antidemocrático e ditatorial… Assim, com tais desculpas esfarrapadas, a bênção covarde e omissa de nossos dirigentes dos três poderes e a omissão medrosa das várias organizações da sociedade civil – incluindo a Igreja, infelizmente – vai a televisão envenenando, destruindo, invertendo valores, fazendo da futilidade e do paganismo a marca registrada da comunicação brasileira…Um triste e último exemplo de tudo isso é o atual programa da Globo, o Big Brother (e também aquela outra porcaria, do SBT, chamada Casa dos Artistas…). Observe-se como o Pedro Bial, apresentador global, chama os personagens do programa: “Meus heróis! Meus guerreiros!” – Pobre Brasil! Que tipo de heróis, que guerreiros! E, no entanto, são essas pessoas absolutamente medíocres e vulgares que são indicadas como modelos para os nossos jovens!”

Essa é a dura realidade. As emissoras de televisão perderam o respeito pelas nossas famílias, pelos nossos lares, abusam de sua condição de imunes à censura para obrigar às famílias brasileiras vivenciarem uma situação completamente distorcida da nossa sociedade e ainda dizem, “que só assiste quem quer”.

Como encontrar uma alternativa? A TV Globo inventou os telejornais em horário nobre e todas as outras copiaram. Inventou as novelas e aconteceu o mesmo. Até os documentários que antes não existiam, hoje tem em todo canal.

Os horários que não são bons em audiência vendem para as igrejas fabricadas por milagreiros que reúnem milhares de fieis e deles arrancam todo dinheiro que esbanjam comprando horários cada vez maiores em TV, sem considerar as que têm seus próprios canais.

Até esses programas de igrejas vendem uma imagem irreal e ilusória, pois seu motivo é reunir a maior quantidade de fiéis possível, porque precisam, cada vez mais, do dinheiro do dízimo para pagar suas transmissões.

Já que é antidemocrático a interferência do Estado que deveria estar zelando pela moral e bons costumes e a conservação da cultura do país não interferem, porque tem medo da opinião pública e de serem taxados de censuradores, cabe às famílias brasileiras promoverem dentro de seus lares a censura familiar nos moldes em que foram educados, proibindo seus filhos de assistirem programas considerados nocivos e sem valor informativo. Se todas as famílias se conscientizarem de que podem e têm o poder de censurar, as audiências cairiam e as poderosas redes teriam que reestudar seus métodos agressivos e procurar adequar sua programação ao aceitável pelos telespectadores.

Mas se continuarmos calados e insensíveis ao problema a tendência é piorar cada dia mais, até que não existirá mais controle de nada nem de ninguém.

Então esse nosso já tão conturbado país debandaria de vez para a orgia e a desorganização social total, prevalecendo a corrupção e o crime.