“Será que o Tadeuzinho morreu”?
Nas rodinhas da praça, de qualquer lugar que você olhasse, lá estava o Tadeuzinho.
De todos, ele era considerado o “Dandy”.
Roupas da última moda, sapatos feitos especialmente para ele.
Camisa de seda, perfume rastro, o cara era o máximo.
Era escrevente do cartório, e todo seu salário era gasto com roupas e perfume.
Não era o tipo super homem.
Papai do céu não o brindou com aquela estatura.
Devia ter um metro e sessenta e cinco, no máximo, um metro e sessenta e sete.
O cabelo era carapinha, ensopado de perfume.
Mas o que faltava nos outros, sobrava nele.
Autoconfiança, coragem.
O danado ganhava todas, era um verdadeiro papa anjo.
Mas ele era a opção, os outros não corriam atrás, ficavam só esperando para ver.
Nosso astro cair em cima das franguinhas e ganhava por W.O.
Ninguém mais corria.
Ninguém se aventurava sequer a dar uma olhada, se o fizesse ganharia dele na certa.
Mas cadê.
Então era ele ou ele.
A vida de Tadeuzinho era uma maravilha.
Até que naquele sábado de aleluia;
A praça da igreja lotada, aí apareceu àquela moça de singular beleza.
Tadeuzinho viu e falou:
- É minha.
Todos acreditaram, porque ninguém teria coragem de se jogar em cima daquele avião.
Mulher daquele jeito, só poderia ser artista de cinema.
Talvez, por não ter nada que fazer a musa ouviu as cantadas do galã.
Mas ele próprio achava que era muita areia para eu caminhãozinho.
O papo fluía, ou melhor, monólogo, (só ele falava).
Contou a história da cidade, de sua família, de sua descendência do Barão de Inhaumas, (mentira).
Ela ouvia, mas procurava alguém interessante, que até havia, mas quando ela olhava, virava-se de costas.
Era só Tadeuzinho.
Numa ousadia de dar dor de barriga nos colegas, pegou a moça pelo braço e arrastou para trás do coreto.
Depois disso, se candidatasse a prefeito ganharia no primeiro turno.
Mas curiosamente, dali desapareceu.
Arrastou para o mato, fugiu com a dama.
Tá no Rio morando numa bela cobertura com a gata.
Mas ninguém sabia da real.
O que aconteceu.
Para entender o que aconteceu, vamos recuar um pouco no tempo.
Na região, Doutor Feitosa, médico de araque, montou um esquema em fazenda alugada.
Com um pequeno campo de pouso, onde só faltava descer anjos, porque os pequenos Cezars, desciam quase todo dia.
Abasteciam a região de droga e contrabando, fazendo a molecada andar de olhos vidrados de dia e de noite.
O Doutor trouxe do Rio, uma namorada, para distraí-lo, entre um carregamento e outro.
Naquele dia, a boneca quis dar uma esticada de pernas, mas ela não foi sozinha.
Tinha cinco PitBull, colados em sua bota (seguranças).
Quando Tadeuzinho arrastou a criança, para trás do coreto, foi devidamente envelopado e levado para conversar com o chefe, pois queria bolinar a mulher dele.
Vocês não fazem ideia do que é medo.
Pois este medo Tadeuzinho sentiu, sentiu e verteu água e outras coisas nas calças.
Não tomou um tapa, um beliscão.
Soltaram-no na estrada e o coitado, já sentia tiros nas costas.
Correu pela estrada de terra, caindo e levantando, chorando, sorrindo por não sentir dor.
Na verdade estavam rindo dele, foi uma piada.
Chegou numa cidade próxima, errou o caminho?
Não, queria ir para Brasília, a mil e seiscentos quilômetros de distancia, e chegou.
Dizem que na capital, deixou de ser o super homem, até parece que adquiriu um vício feio, começou a namorar rapazes, desmunhecou,... entende?
Na cidadezinha, todos em conversa lembram do maior galã que a cidade teve, Tadeuzinho.
Aquele era F...
Será que Tadeuzinho morreu?
Oripê Machado.