Se tudo fosse verde

Se tudo fosse verde

29/02/12

Outro dia, fazendo o que mais gosto, que é pegar uma estrada e dirigir com ou sem destino, me surpreendi a observar quantos verdes existem. Os tons de verde que se sobrepunham através do pára-brisa de meu carro, que também é esverdeado, eram infinitos. Cheguei a contar 150 em poucos quilômetros que percorri em 3 minutos . Mas ao observar melhor verifiquei que tons que pareciam o mesmo tinham nuanças diferenciadas, no brilho, na textura da cor, nos meios tons.

Lembrei-me de Olegário Mariano que teve “Toda uma Vida de Poesia”:

“Que lindo o verde, em nuanças meio incertas, / Margeando, lado a lado, as estradas desertas!”.

Foi pensando nisso que viajei mentalmente para uma existência toda verde, por sinal minha cor preferida.

No mundo verde, ver de longe antes de se aproximar seria a maneira mineira de se relacionar.

No mundo verde não haveria discriminações, tudo é verde.

No mundo verde meu time seria campeão, pois ele é verde.

No mundo verde prevaleceria a sabedoria do “quem espera sempre alcança”, nada envelheceria, a esperança é verde.

No mundo verde estaríamos ambientalmente corretos, a mata é verde, o mato é verde, o mar é verde, o lago é verde, a vida é verde.

No mundo verde o sexo seria fogoso, tudo seria novo como da 1ª vez, pois a inexperiência é verde.

No mundo verde toda pavimentação seria natural, a grama é verde.

No mundo verde as inundações não nos destruiriam, moraríamos na “casa da árvore”, a arvore é verde.

No mundo verde não precisaríamos de bafômetros, os bêbados não conseguiriam descer das mesas nas árvores, o bar do Freud é verde.

No mundo verde só me preocupa a inexistência das mulheres maduras, pois são elas que conseguem nos administrar, nos dando toda a liberdade através de uma invisível linha atada a uma manivela que elas carregam dentro da mente mas, pensando bem, a sabedoria é verde.

Geraldo Cerqueira