VIAGEM

Caminhar para esquecer as idéias loucas, ou a vontade paciente de sentar na areia, ouvir o mar, olhar o céu e imaginar o teu rosto na maior estrela possível.

Embalar ao vento e sonhar, sonhar. Ver uma alegria maior que o céu brotar no peito e ficar ali, esperando, sentindo tudo minuto a minuto... e depois libertar num grito exultante o teu nome. Enxergá-lo escrito por toda parte, na areia, no mar, no céu, pairando no ar, dançando, vibrando num ritmo alucinado, sem ruídos. Apenas o ritmo e uma melodia perdida no silêncio colorido da noite.

Correr.

Correr para abraçar o nada, fugir na euforia triunfante de quem perdoou a vida e esqueceu a morte.

Parar.

Parar para olhar o tudo e enxergar o nada.

Chorar.

Chorar de alegria, chorar de tristeza, chorar, só chorar. E sentir o vento gelando as lágrimas que vão para o mar. Olhar ao redor e ver apenas o vazio que está dentro. Um vazio imenso povoado de vultos. E o medo. Não de morrer. O medo de viver. De não compreender a razão dos vultos, nem dos medos.

Sentar no mesmo lugar, sentir a mesma areia, ouvir o mesmo mar, olhar o mesmo céu e não encontrar o teu rosto na maior estrela possível. Uma dor maior que o céu brotar no peito e ficar ali, sem nome, sem ritmo. Um nada.

Não viver, nem morrer.

E num olhar embaçado de lágrimas que não foram para o mar, ver teu rosto nascer com a lua, no céu, no mar, dentro de mim.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 17/05/2012
Reeditado em 10/10/2012
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