ESCURIDÃO TOTAL
ESCURIDÃO TOTAL
“Quero me libertar da necessidade de me desvalorizar. Agora estou me tornando tudo o que sou destinado a ser. Gosto de todas as pessoas que conheço. Minhas relações são saudáveis e gratificantes”. (Louise Hay).
Viver na escuridão é um tormento sem fim. Para os portadores de cegueira adquirida um transtorno que os impedem de levar uma vida normal e sem atropelos. A cegueira pode ser total e parcial, entretanto, as duas causam situações embaraçosas para os seus portadores. Seria uma experiência estigmatizante, sensações de vida interrompida e anseio por voltar “ao estado anterior”. Essas são as percepções daqueles que perderam tardiamente a visão. Refletir sobre o tema é entender como a sociedade lida com a diferença (Fernanda Melo).
Pesquisadores apontam para a cegueira em nosso país, 0,3% da população em regiões de boa economia e com bons serviços de saúde; 0,6% da população em regiões de razoável economia e com pobres serviços de saúde; 0,9% da população em regiões de pobre economia e com pobres serviços de saúde; 1,2% da população em regiões de muito pobre economia e com muitos pobres serviços de saúde. Esse levantamento estatístico foi executado pelos médicos oftalmologistas Marcos Ávila, Nelson Louzada e Elisabeth Ribeiro Gonçalves, para o projeto “pequenos olhares”, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
A cegueira do espírito é fruto da espessa ignorância em manifestações primárias ou obinubilamento da razão nos estados de aviltamento do ser. Existem os cegos que guiam cegos: “estas palavras do Mestre Jesus se aplicam também aos fariseus dos vossos dias. Os que se obstinam em caminhar nas trevas, arrastando consigo seus irmãos sofrerão as mesmas penas que estes, até que abram os olhos”. Contrariando o pensamento da jornalista Fernanda Melo dizemos que existem pesquisas sobre a cegueira no Brasil, e especialistas mostram as estatísticas e a causa dessa cegueira que afligem milhares de pessoas em todo o mundo.
Existem muitos trabalhos médicos que dizem o que causa a cegueira, os níveis de normalidade da visão, os tratamentos possíveis; a possibilidade de perder a visão aparece em programas de saúde pública ou segurança no trabalho, e há uma lei que obriga as empresas a terem pessoas com deficiência nos seus quadros, incluído pessoas com problemas de visão; existem trabalhos psicopedagógicos que falam das necessidades educativas dos que não podem usar a visão em sala de aula, ou de que maneiras os pais podem estimular os seus filhos que não podem contar com a visão. Os impactos dos que perdem a visão são vários e isso vai depender de como se encontra psicologicamente cada um, para enfrentar o novo estilo de vida.
Já em 2004, a estimativa sobre o número de cegos no Brasil variava entre 1 e 1,2 milhões de pessoas. A pesquisa que citamos anteriormente explicita as populações: pobre, intermediária e rica. Sendo 765.000, 414000 e 1.222.000 respectivamente. Deficientes Visuais no Brasil: em 2004, cerca de quatro milhões de pessoas (acuidade visual no melhor olho entre 20/60 e 20/400). 60% das cegueiras são evitáveis; 90% dos casos de cegueira ocorrem nas áreas pobres do mundo; 40% têm conotação genética (são hereditárias); 25% têm causa infecciosa e 20% das cegueiras já instaladas são recuperáveis.
Cegueira no adulto: As quatro maiores causas são a catarata, o glaucoma, o diabetes (via retinopatia diabética e suas complicações) e a degeneração macular relacionada à idade. Outras incluem o tracoma, os traumatismos, as uveorretinites, o descolamento de retina, as infecções, tumores e hipertensão arterial. Cegueira Infantil: Anomalias do desenvolvimento, as infecções transplacentárias e neonatais (como exemplo, a toxoplasmose, a rubéola, a sífilis), a prematuridade, os erros inatos do metabolismo, as distrofias, os traumas e os tumores.
A jornalista cita alguns autores que falam sobre a perda da visão e o grande José Saramago em 1995 dizia: “Existe o caos social causado por uma cegueira coletiva, que desaparece tão inexplicavelmente quanto seu surgimento. A perda da visão mostra o fim da própria civilidade, a perda de regras e de todos os laços que unem as pessoas”. Essa cegueira coletiva existe em maior número nas camadas mais altas da sociedade brasileira, pois essa camada enxerga muito bem, mas, no entanto, se fazem de cegos para melhor passar. É a cegueira social e desumana.
Citados também, Norbert Elias, Erving Goffman, além de José Saramago. Quando se fala de metáforas do olhar, estereótipos da cegueira vamos nos inserir em outra forma de cegueira que é ainda mais cruel, visto que essa cegueira pode causar transtornos irreparáveis para a sociedade em que vivemos ou participamos.
São os cegos políticos, os cegos de colarinho-branco, os cegos que só pensam em si, os cegos egoístas, os “cegos” corruptos e muitos outros espalhados pelos grandes rincões brasileiros.
A cura para esse tipo de cegueira seria a exterminação da imunidade e impunidade, e cadeia para quem mercê. Não há quem escape da cegueira social, ela é implacável e instigante. Canguilhem ( 1995), diz que a doença existe apenas em função de um sistema de saúde perdida, em relação a um estado que se procura retornar. “No livro O Normal e o Patológico (1995) ele cita o exemplo de um homem que havia perdido parte da mobilidade do braço, após um acidente”.
O braço do paciente estendia menos do que um braço normal. No entanto, por ter voltado ao trabalho e levado à mesma vida de antes, o homem não se sentia de forma alguma deficiente ou doente. Não é na fisiologia, ou na reconstituição dos tecidos que a normalidade é encontrada. Para o individuo, o sentimento de saúde está ligado à sua capacidade de funcionar, de fazer ao que se propõe. É na possibilidade de levar uma vida normal após perder a visão que os depoimentos parecem apontar dificuldades de acordo com o nível sócio educacional.
Temos que nos ater na situação contada pelo escritor epigrafado, visto que é muito diferente a situação de quem perde um membro do seu corpo, no caso um braço, em relação a quem perde a visão. Seria a mesma situação em que por acidente ou não, a pessoa perdesse apenas um olho e não a visão total, com certeza essa pessoa levaria também uma vida normalíssima. O que existe em nosso país é o preconceito, aliado a discriminação. Se nós fizéssemos parte de uma sociedade sensata e que visse no próximo um irmão esse preconceito não existiria. Jesus sempre dizia em suas pregações: “O pior cego é aquele que não quer enxergar”, o nosso país infelizmente está repleto desse tipo de cegos. A originalidade de uma criança está na sua maravilhosa capacidade de se expressar com autenticidade.
A “criança eterna” que vive dentro de nós, facilmente nos convida a tomar atitudes autênticas e nos surpreende pela espontaneidade e ausência de medo em revelar a nossa verdadeira face. Quando somos autênticos, dispensamos todo e qualquer tipo de máscara que venha a impedir a expressão de nossa verdadeira identidade. Sônia Café nos alerta para a nossa autenticidade, a nossa espontaneidade e que devemos expelir das nossas vidas qualquer máscara, visto que as máscaras são os males atuais de nossa sociedade. O assunto é polêmico e levaríamos muito tempo para concluirmos a matéria, no entanto devemos nos conscientizar que qualquer pessoa portadora de deficiência mercê nossa atenção, atenção das autoridades e do governo. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AVSPE- DA ALOMERCE E DA AOUVIRCE