FARINHAS DO MESMO SACO

Nos últimos meses o cidadão iraquarense vem assistindo a cenas de amor e cortesia entre pessoas que deveriam se odiar. Bom, pelo menos se odiavam há poucos anos. Gente que caluniou, feriu, desonrou. Gente que humilhou, enxovalhou reputações e cuspiu na cara. É a mesma gente que agora se abraça e se elogia. Andam de mãos dadas e sorri para o povo. E eu cá com meus botões, “sujeito volúvel é o tal político...”.

Há alguma cartilha que ensine esse estranho modo de agir? Por certo, se não há manual, modelos não faltam para serem copiados. O que temos por aqui são cópias infiéis dos velhos paradigmas do Planalto Central? Brasília é escola. Bastam lembrar-se das guerras declaradas entre os ex-presidentes Lula, Collor e Sarney em momentos diversos, cujas alfinetadas e ofensas renderam muitas matérias jornalísticas. Pouco depois, lá estava a tríplice aliança. Os melhores amigos do mundo trocando gentilezas. E nada mudou por lá. Para a manutenção das tais bases aliadas, conchavos continuam sendo feitos, memória curta em nome das alianças. E nós, brasileiros comuns, indignados, desinteressados de política e políticos, resumindo tudo numa palavra feia: descaração. Mas os ‘entendidos’ dizem que isso é apenas a busca por governabilidade. Certamente discordo. E para as bandas de cá? A mesma safadeza ou serve a explicação governista? Sinceramente, o que querem os políticos na capital do país, na Chapada Diamantina ou qualquer outro canto dessa nação se resume numa coisa só: apropriar-se da máquina pública. O que importa é deter e manter-se no poder. Para tal se ama e se odeia; se cospe e se beija; se morre e se mata.

Mas, e a tal fidelidade? Levanto essa questão porque ainda há quem a cobre. Vejam a incoerência! Infiéis mercenários consideram-se no direito de exigi-la de seus compatriotas. Já estão à cata de antigos votos na vã esperança de que o eleitor permaneça o mesmo. Fiéis eleitores... Isso ainda existe? Façam-me o favor! Quem não servia no passado, hoje já serve? Tantos defeitos apontados se transformaram em virtudes. Milagres? O mundo gira, funcionários do povo! O público de hoje não é mais o dantes. Muitos já roeram- a duras penas - a corda de seus pescoços. Já queimaram os cabrestos. O povo lê pouco, mas lê; assiste TV, se informa, conhece mais os seus direitos. Não o trate como imbecil. Não sejam também. Atos dizem mais que mil palavras e o cidadão está atento aos fatos. Convencer o eleitor de que jiló agora é doce fica difícil.

Em Brasília, Salvador ou Iraquara todos veem quem reza a cartilha das manobras governistas. Quem atende aos interesses da população. Se é que alguém atende. Vejam o que fizeram os deputados baianos com as conquistas de tantos anos dos professores de nível médio. Sabe-se lá o que acontecerá com os outros. Já pus minha orelha de molho... Seja no Planalto Central ou nessas brenhas de meu Deus, o interesse político-partidário é o mesmo: dinheiro. Seja em forma de empregos, verbas, fundações, licenças, licitações lucrativas, ONGs., etc., etc. – tudo que puder arrancar da máquina pública. Aliado ou oposição, lados da mesma moeda. Basta o sabor de ventos interesseiros para que se alterem as posições.

Moral da história: Farinhas do mesmo saco.

Suzana Duraes
Enviado por Suzana Duraes em 16/05/2012
Código do texto: T3671484
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