O Cidadão e a Lei
Como não sou entendido em Lei, esta crônica poderá ficar parecida com o “Samba do crioulo doido”. Então irei discorrendo de acordo com as conclusões que emergem neste experiente cérebro com seus neurônios beirando ao vencimento do prazo de validade. O advogado de um famoso senador, baluarte da moral e bons costumes, símbolo do combate à corrupção nos meios políticos, vendo seu cliente soçobrando nas ondas de um grande rio que se aproxima de enorme cachoeira, saiu-se com essa: “Vamos defender a tese de que as escutas telefônicas contra o Senador não tem validade legal pois ele tem foro privilegiado e só o STF poderia autorizar a operação...” O que é de observar é que em nenhum momento se atreve dizer que seu cliente é inocente. Diz apenas que as provas foram conseguidas de forma ilegal. Por isso que um velho conhecido nosso (que até já esteve preso, por pouco tempo, e nem sei como) sempre diz quando abordado pela imprensa: “...nunca fui condenado! Ninguém tem provas!!!”. Não se atreve dizer que é inocente porque vão pensar que é mentiroso. Outro dia a Justiça disse alguma coisa polêmica sobre os assassinos bêbados ao volante. Que tal instrumento não pode ser usado que ninguém pode gerar provas contra si mesmo... E assim o Homem vai ficando enrolado numa emaranhada teia que ele mesmo criou para defender os inocentes. A Lei, ora a Lei... Daqui a pouco provas contra o adultério só com testemunhas oculares do ato sexual. É certo que alguns Pais da Pátria (com licença, Vicente Leporace!) entrarão com projetos de leis que obrigarão os quartos dos motéis, em todo território nacional, ter pelo menos um parede de vidro transparente para facilitar o trabalho da polícia e das testemunhas. A Lei, como já disse aqui em outra situação, é fantástica na defesa dos direitos humanos, mas tem efeitos colaterais devastadores... E os recursos? (seria auspicioso que ninguém perguntasse quanto custam). Até me arrepio quando vejo na TV o julgamento de altas personalidades acusadas de pesados crimes. Vem a sentença 58 anos de reclusão em regime fechado. E daí vem o assustador complemento: AINDA CABE RECURSO SOBRE ESTA PENA QUE FOI APLICADA EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. O REU VAI AGUARDAR O RESULTADO EM LIBERDADE... E de recurso em recurso a personalidade vai vivendo livremente até que a pena se prescreve, afinal todo mundo sabe que os meios forenses estão abarrotados de serviço... E o pobre diante disso! O que fazer??? Pedir a interseção do Criador. Afinal de contas ele é responsável pelo HOMEM... Uma criatura que não deu certo...(oldackmendes.zip.net – 05/04/012)X.