UMA ESCOLA E O BICHO PREGUIÇA!

UMA ESCOLA E O BICHO PREGUIÇA!

Fiz o curso primário no 1º Grupo Escolar de Santo André, Professor José Augusto de Azevedo Antunes, hoje o Museu Dr. Octaviano Gaiarsa. Sempre fui um aluno que poderia ser considerado bom. Não o melhor da classe, mas entre os cinco primeiros. Apesar disso, Dona Adelina, minha mãe, para evitar que, após o período das aulas, ficasse zanzando pela rua o resto do dia, matriculou-me na Escola Mista Rui Barbosa, das irmãs Elisa e Ana Gardesani. Ficava ela na rua Cel. Alfredo Flaquer, próximo à esquina da rua Dom Duarte Leopoldo e Silva. Assim, após o almoço, ia eu para lá, e esse acréscimo nos estudos, era considerado um reforço. Durante o tempo em que permanecia na escola, estudava, fazia exercícios de aritmética, de caligrafia e outras tarefas escolares, sem haver, propriamente, aulas. Sempre com a orientação, é claro, da Dona Elisa. Isso resultou em aspectos bem positivos para mim, pois, adquiri boa base nos estudos, e, principalmente, uma ótima letra. Sempre ganhava giz como prêmio.

O amigo e artista plástico Eurico Martin, que morava por ali, estudou nessa escola, onde fez o curso primário inteiro. Contemporâneo dele, outro andreense, Guerino Bianchin, que foi quem nos forneceu algumas fotos tiradas por volta de 1938. Nelas ressaltam os janelões das classes, e o quintal da escola, um verdadeiro pomar.

A família Gardezani é das mais tradicionais de Santo André. Dona Elisa e Dona Ana foram educadoras famosas na cidade. A filha de Dona Elisa, a Terezinha, é casada com o Dr. Douglas Magini, o Guga, ótimo cirurgião, de família também tradicional. Ela é grande amiga de minha irmã Guiomar. Eram muitos os irmãos das professoras. Um deles, Júlio, tinha a sorveteria no Largo da Matriz, onde a vizinhança se deliciava, nas tardes de verão. E, na esquina da escola, a padaria com os inesquecíveis “corninhos”, como chamávamos aquele pãozinho delicioso, em formato característico.

A escola possuía uma entrada pela rua Dom Duarte, onde ficava, sempre, no portão, outro irmão delas, o Lino, muito doente e, segundo consta, um ótimo pianista. Devido ao problema de saúde, seu passatempo era o portão. Ele tremia muito, seria Parkinson? Interessante, que havia grande quantidade de árvores frutíferas no quintal, e lá vivia um bicho preguiça. Volta e meia ele aparecia numa árvore, próxima ao portão do Lino. Era uma atração. Eu, na verdade, tinha muito medo dele!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 15/05/2012
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