OBJETOS OU PESSOAS?

Objetos ou Pessoas?

Um dos maiores problemas de relacionamento da humanidade está no reconhecimento do ser humano. Na maioria das vezes, somos objetos, quando não números. Tudo começa hoje, quando nasce uma criança e recebe uma tal de pulseirinha, que tem um número e raramente também um nome. E este quando existe normalmente é da mãe, não dela. E como fazem confusão com as tais das pulseirinhas... Até alguns anos atrás poderiam nascer trinta crianças em um dia que as enfermeiras não se enganavam de mãe. Hoje se nascem três, pode estar feita a confusão. Nada contra as enfermeiras, mas como algumas veem os recém-nascidos. Ainda bem que quando, em algumas creches, são chamadas pelo nome. Senão, serão como mais tarde na escola, o aluno matrícula número tal.

Adultos, recebemos um numero de CPF, identidade, título eleitoral, crachá e registro da empresa, e assim por diante. Se morarmos em condomínio, seremos o senhor ou senhora do 333. E nossos nomes? Poxa! O porteiro vai olhar na relação! Quando somos sepultados, vamos morar no jazigo 3.333.

Isto tudo, nos faz pensar no dilema de Deus, quando criou o homem e a mulher. Esta história da costela até hoje não está bem contada. Ele criou primeiro o homem ou a mulher? Se todos viemos de uma mulher, como teria Ele primeiro criado o homem? Uma coisa intrigante também. Porque colocou os nomes de Adão e Eva? Não seriam Eva e Adão? Nomes tão curtos. Seria talvez por preguiça ou quem sabe desleixo por saber que fariam o estrago que fizeram? Não importa. Mas, Adão em primeiro lugar não seria algum machismo? Se ele por acaso soubesse que acabaríamos virando números, não teria colocado como nomes, Um e Dois? Eu sinceramente não sei e nem quero saber meu número. E nem o seu. Prefiro lhe chamar por seu nome. Curto ou longo, não importa. Porque sei que você não é um objeto. Mas uma pessoa. Assim ficarei menos tentado a jogar seu número na loteria. E se perder ainda ficar com raiva de você.

É prefiro mesmo, você, pessoa.

Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante. Esta crônica está em mais de noventa jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior. Contatos, ajrs010@gmail.com