As Festividades de Outrora
Ter saudades é algo saudável: engrandece a vida. Saudade não é viver eternamente acorrentado ao passado, mas relembrar por alguns momentos fatos marcantes da vida.
Nesses dias de festa em nossa cidade, revivi antigos cenários de tradiconais festas. Na minha infância, os parque de diversões eram mais simples e a "roda gigante” era atração de peso. A Matriz era decorada com uma linda iluminação denominada feérica ( de festa) que encantava pelos desenhos coloridos: leques, estrelas que reluziam e piscavam, revelando uma arte sem igual.
A Igreja sempre lotada de devotos acompanhando todo o novenário. Havia pastoril, danças, bailes, quermesses, bingos, leilões. Tudo isso passou. Ah, vale lembrar a tradicional e esperada Alvorada Festiva, com a banda musical tocando felizes dobrados, despertando toda a cidade - acompanhada, é claro, de uma multidão feliz assobiando e de uma vitrola de um vizinho que tocava desde cedo dobrados majestosos. A salva de tiros ensurdecedores despertavam a cidade e as girândolas não faltavam nas horas mais solenes do dia.
Tudo isto ficou para trás. Não sei se a modernidade ou a falta de interesse das pessoas corrompeu a imagem das festas tradicionais de meu interior. Não há mais salvas, e sim girândolas escandalosas que não duram mais que dez segundos. Na se ilumina mais as ruas, nem tampouco a Matriz. Encerraram-se as quermesses; os leilões estão pouco a pouco sumindo. Os novenários reduzidos a tríduos celebrados às pressas devido a atração (banda) que deve começar logo.
E as procissões? Os devotos se vestiam com as melhores roupas para acompanhar a procissão com a imagem do Padroeiro. Nos dias atuais, as moças vão de tocas de “meia velha” para procissão pensando no show das 22:30hs.
A juventude não observa mais o que era bonito e tradicional. Basta ter bandas famosas ou não que embalem toda uma noitada de desvarios e só. A culpa é diretamente da geração que deveria ter continuado estas tradições e não ter relegado a museu tantas belezas das festas do interior
Tenho saudades das festas de minha infância: dos doces, caramelos, balões festivos e sorridentes, pipocas, puxa-puxa, pirulito; brinquedos como carrinhos, carrossel, roda gigante com suas amedrontadoras cadeiras que balançavam no alto. Os alto falantes emitiam mensagens apaixonadas...enfim, tudo era festa.
Nada se conservou. Tudo foi convertido num evento de consumismo infernal. Os novenários, formas de arrecadar o máximo de dinheiro possível dos fiéis para nenhuma finalidade. Os brinquedos de tão modernos ou ultrapassados, não atrai nem as crianças. Alguns agonizam. Outros, já faleceram na sucata do tempo.
Quantas lembranças guardo em meu peito: das festas de minha infância. Festas que não voltam mais: não passam de meras lembranças.
Fevereiro de 2007. José Batista