Pousando na modernidade

Chego cedo à sede da empresa e, ao observar o prédio anexo ao que trabalho, me deparo com operários retirando revestimento daquela edificação.

Não seria nada estranho, afinal hoje só se fala em modernas técnicas de edificação, com vista à famigerada sustentabilidade, os famosos prédios verdes..., mas quão sustentável seria retirar um revestimento de mármores brancos, caríssimo, para colocar sabe-se lá o que no lugar... sei não...

Caminhando pelo estacionamento da empresa, que fica a céu aberto, reparei num pássaro em cima do retrovisor de um carro, desses modernos, dava pra ver que era um retrovisor elétrico, pois era retrátil, e como não é comum ver algum proprietário fechando manualmente seus espelhos, ou seja, estava o pequeno pássaro pousado na modernidade.

Entrando pelo átrio do prédio, fiquei aguardando o demoroso elevador, porém não sozinho no martírio, do outro lado do hall estava uma moça observando o visor do elevador mostrando que ele estava no vigésimo quinto andar, o que era muito curioso, uma vez que o prédio só conta com vinte e um “passos” rumo ao céu.

A cena me fez lembrar o passarinho dantes, pois a moça encontrava-se apontando seu smartfone para o mostrador do elevador e saiu disparando, guardando para a posteridade..., posteridade coisa nenhuma, ela iria mostrar para seus colegas a inusitada imagem do enganado mostrador, mas uma criatura pousando na modernidade.

Brasília, 05 de abril de 2012.