Reunião de mulheres
Aqui no condomínio houve um tempo em que uma moça resolveu fazer um ‘salão’ ao lado de sua casa, somente para as vizinhas, e vizinhos também porque até alguns rapazes iam cortar o cabelo com ela. Bem prático, pois moramos longe do centro. Lá encontrávamos pessoas, batíamos papo, trocávamos figurinhas e fazíamos fofocas. No bom sentido, quer dizer, nos inteirávamos das novidades do bairro e da cidade. Sempre havia um cafezinho recém passado acompanhado de bolachas. A cabeleireira é pessoa de família tradicional herdeira da fazenda que posteriormente foi loteada. Depois que ela se cansou e foi tratar de outras atividades, a mulherada ficou com saudades. Para mim, o melhor de tudo, mais do que a facilidade para cuidar das madeixas e unhas, era o ponto de encontro. Como sou conversadeira, logo arranjei outro lugar para me divertir de modo semelhante. É a butique de uma amiga, que além de simpática e culta é animadíssima. Às vezes passo por lá no final da tarde e me esbaldo. Entra gente e vai ficando. Experimentam roupas, saem do provador desfilando. E todo mundo dá palpite. Nossa, essa blusa ficou horrível, não bate com sua pele... ponha outra. Agora sim combinou com a calça, está perfeito. Faz-se muita palhaçada e fala-se de tudo, desde receitas de doces, filhos, religião, política, até conteúdo de livros filosóficos. O mais interessante é que conversa vai, conversa vem, o assunto sempre converge para os problemas que enfrentamos na vida. Pessoais, sentimentais ou profissionais. Abrimos o coração, choramos e rimos. Verdadeira terapia, cujo preço é levar uma roupa nova para alisar o ego. Ou não. Simplesmente o de ter passado bons momentos em agradável companhia.
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