Treze de maio de 1978, Eduardo de Oliveira e Oliveira.
Homenagem ao companheiro Eduardo de Oliveira e Oliveira, intelectual “militante negro e incansável disseminador da cultura negra no país e no exterior”.
( Inventário analítico da Coleção EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA” Vera A. Lui Guimarães e Maria Cristina P. Innocentini Hayashi da Universidade Federal de São Carlos).
Em 1.978 comemoravam-se os Noventa Anos da Abolição da Escravidão. A forma comum era ”Concursos de Bonequinhas do Café” e outros títulos bizarros. No Largo Paiçandú em São Paulo, ao lado da Igreja, erguia-se palanques para os representantes da “burguesia” da “Comunidade Negra” receberem o Governador (nomeado pela Ditadura Militar) e altas autoridades.
Eduardo de Oliveira e Oliveira brilhante sociólogo e militante negro, organizou vários eventos em comemoração onde militantes novos e antigos (desde os jornalistas da “Imprensa Negra” e os integrantes da Frente Negra Brasileira. Nesses debates mostravam-se uma realidade diferente da apresentada nos palanques da Ditadura Militar.
Através desses contatos de militantes de várias gerações, jovens universitários negros, uniram-se. Com um sentido de continuidade, de uma luta pela libertação de um povo escravizado, não de um povo de escravos submissos. Relatos de rebeldia, ação organizada, formação de partidos políticos (A Frente Negra transformada em Partido Político foi fechada em 1937 pela Ditadura do Estado Novo).
Várias ações surgiram no ano de 1.978 o “Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial”, transformado em “Movimento Negro Contra a Discriminação Racial”, com visões de “Frente aberta de entidades”, depois uma entidade Movimento Negro Unificado – MNU.
Os “Cadernos Negros” coletâneas de literatura, lançando um livro por ano até hoje. Iniciativas persistentes, resistente, libertárias e vivas.
Iniciadas com as atividades do brilhante sociólogo, acadêmico e militante negro Eduardo de Oliveira e Oliveira. Eduardo juntava a academia com militância. Elegante, hábil debatedor, amigo e companheiro.
Eduardo de Oliveira e Oliveira, “o sociólogo” morreu tragicamente em 1.980.
... “mulato e brasileiro”, é encontrado morto em seu apartamento em completo estado de inanição auto-infligida. Reconhecido pelos seus colegas como talentoso e polêmico.
- Modernidade, identidade e suicídio: o “judeu” Stefan Zweig e o “mulato”. Eduardo de Oliveira e Oliveira. Monica Grin.
“Se isso é verdade, a história do mundo é a história, não de
indivíduos, mas de grupos, não de nações, mas de raças
(...)”.
W.E.B. Du Bois, 1897
Por que uma homenagem com visões acadêmicas? E não uma crônica, ou conto?
Ontem uma pesquisadora acadêmica, afirmava em um debate de forma sutil, que o movimento negro de São Paulo, seguia os conselhos das palavras do Padre Vieira, e tinham uma visão conformada sobre a discriminação.
“O que haveis de fazer é consolar-vos muito com estes exemplos, sofrer com muita paciência os trabalhos do vosso estado, dar muitas graças a Deus pela moderação do cativeiro a que vos trouxe, e, sobretudo, aproveitar-vos dele para o trocar pela liberdade e felicidade da outra vida, que não passa, como esta, mas há de durar para sempre (VIEIRA)”
“não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e paixão de Cristo, que o vosso em um destes engenhos” (Vieira).
Outro religioso, um frei hoje nos mostra com sua prática outra realidade do cidadão brasileiro afrodescendente.
Ao Eduardo de Oliveira de Oliveira que nos mostrava o caminho em 1978, e ao Frei David Santos caminhante dos dias de hoje, abridor de trilhas e estradas minhas homenagens:
IDÉIA ENORME PAIXÃO
Quando morrer
não irei para o céu
não sou manso
nem pacífico
não viro a face
para o segundo bofetão
ergo o punho fechado
na boca palavrão
Como tenho lealdade
uma ideia enorme paixão
luto como oprimido
penso e medito
quando morrer
irei pró quilombo
e lá me dirão
chegou outro irmão
Do Ciclo Negras Palavras – 1.978
Hugo Ferreira
Homenagem ao companheiro Eduardo de Oliveira e Oliveira, intelectual “militante negro e incansável disseminador da cultura negra no país e no exterior”.
( Inventário analítico da Coleção EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA” Vera A. Lui Guimarães e Maria Cristina P. Innocentini Hayashi da Universidade Federal de São Carlos).
Em 1.978 comemoravam-se os Noventa Anos da Abolição da Escravidão. A forma comum era ”Concursos de Bonequinhas do Café” e outros títulos bizarros. No Largo Paiçandú em São Paulo, ao lado da Igreja, erguia-se palanques para os representantes da “burguesia” da “Comunidade Negra” receberem o Governador (nomeado pela Ditadura Militar) e altas autoridades.
Eduardo de Oliveira e Oliveira brilhante sociólogo e militante negro, organizou vários eventos em comemoração onde militantes novos e antigos (desde os jornalistas da “Imprensa Negra” e os integrantes da Frente Negra Brasileira. Nesses debates mostravam-se uma realidade diferente da apresentada nos palanques da Ditadura Militar.
Através desses contatos de militantes de várias gerações, jovens universitários negros, uniram-se. Com um sentido de continuidade, de uma luta pela libertação de um povo escravizado, não de um povo de escravos submissos. Relatos de rebeldia, ação organizada, formação de partidos políticos (A Frente Negra transformada em Partido Político foi fechada em 1937 pela Ditadura do Estado Novo).
Várias ações surgiram no ano de 1.978 o “Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial”, transformado em “Movimento Negro Contra a Discriminação Racial”, com visões de “Frente aberta de entidades”, depois uma entidade Movimento Negro Unificado – MNU.
Os “Cadernos Negros” coletâneas de literatura, lançando um livro por ano até hoje. Iniciativas persistentes, resistente, libertárias e vivas.
Iniciadas com as atividades do brilhante sociólogo, acadêmico e militante negro Eduardo de Oliveira e Oliveira. Eduardo juntava a academia com militância. Elegante, hábil debatedor, amigo e companheiro.
Eduardo de Oliveira e Oliveira, “o sociólogo” morreu tragicamente em 1.980.
... “mulato e brasileiro”, é encontrado morto em seu apartamento em completo estado de inanição auto-infligida. Reconhecido pelos seus colegas como talentoso e polêmico.
- Modernidade, identidade e suicídio: o “judeu” Stefan Zweig e o “mulato”. Eduardo de Oliveira e Oliveira. Monica Grin.
“Se isso é verdade, a história do mundo é a história, não de
indivíduos, mas de grupos, não de nações, mas de raças
(...)”.
W.E.B. Du Bois, 1897
Por que uma homenagem com visões acadêmicas? E não uma crônica, ou conto?
Ontem uma pesquisadora acadêmica, afirmava em um debate de forma sutil, que o movimento negro de São Paulo, seguia os conselhos das palavras do Padre Vieira, e tinham uma visão conformada sobre a discriminação.
“O que haveis de fazer é consolar-vos muito com estes exemplos, sofrer com muita paciência os trabalhos do vosso estado, dar muitas graças a Deus pela moderação do cativeiro a que vos trouxe, e, sobretudo, aproveitar-vos dele para o trocar pela liberdade e felicidade da outra vida, que não passa, como esta, mas há de durar para sempre (VIEIRA)”
“não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e paixão de Cristo, que o vosso em um destes engenhos” (Vieira).
Outro religioso, um frei hoje nos mostra com sua prática outra realidade do cidadão brasileiro afrodescendente.
Ao Eduardo de Oliveira de Oliveira que nos mostrava o caminho em 1978, e ao Frei David Santos caminhante dos dias de hoje, abridor de trilhas e estradas minhas homenagens:
IDÉIA ENORME PAIXÃO
Quando morrer
não irei para o céu
não sou manso
nem pacífico
não viro a face
para o segundo bofetão
ergo o punho fechado
na boca palavrão
Como tenho lealdade
uma ideia enorme paixão
luto como oprimido
penso e medito
quando morrer
irei pró quilombo
e lá me dirão
chegou outro irmão
Do Ciclo Negras Palavras – 1.978
Hugo Ferreira