SURPRESA
SURPRESA
Acordou e estranhou o silêncio. Os netos, que àquela hora já estavam aprontando, não apareceram para “importuná-la”, o que a deixou bastante curiosa. Saiu procurando pela casa e não conseguiu ver ninguém. E os filhos? Sempre avisavam quando iam sair, mas não era agora que ia ficar preocupada.
Foi até a cozinha e viu que já tinham tomado o café, pois a louça estava ainda sobre a mesa.
Ouviu a porta se abrir e o conversar deles já tomavam conta da casa acabando com o silencio. Foi ao encontro deles.
- Mas vocês saíram e nem me avisaram? – perguntou a avó para os netos, Júnior e Laura.
- Fomos dar uma volta com vovô! – responderam.
“Será que se esqueceram de mim? Será que esqueceram que dia é hoje”- pensou dona Julieta.
Os netos entraram pela sala adentro e foram direto ao computador.
- Onde estão Vera e Sílvio?
Antônio, o marido, respondeu:
- Foram dar uma volta e já voltam. Tinham algumas coisinhas para resolver.
Nem ele se lembrou. Lembrou-se que do ano passado quando, neste dia, a casa estava uma verdadeira balbúrdia. Eram netos, genros, bisnetos, sobrinhos, tios todos da família fazendo uma festa para comemorar o dia. Ela não suportava ver a casa vazia desse jeito, mas não reclamou. Foi direto para o quarto e ficou lá esperando que se lembrassem dela.
Vera rompeu o silêncio.
- Será que ela percebeu? Acho que ficou chateada, pois foi para o quarto e está lá até agora.
- Acho que exageramos. – disse Silvio.
- E você, papai? Ela deve estar triste, pois você não disse nada.
- Mas tem de ser assim, se não perde a graça.
De repente Solange apareceu na sala, toda trocada e pronta para sair.
- Aonde vai, mamãe?
- Vou dar uma volta até a casa de algumas amigas, lá talvez percebam que eu existo!
Tentaram conversar, mas agora quem não queria conversa era ela. E saiu.
- Acho que exageramos na dose. Ficou chateada.
- Melhor assim. Teremos tempo para organizar as coisas.
- Tá bem. Vamos ao trabalho.
Já estavam todos preocupados. Oito horas. Estava demorando a chegar. Será que agiram certo fazendo isso? O que podiam fazer era ficarem todos prontos e aguardar. Se demorasse mais...
Ouviram o barulho da chave na porta e silenciosamente sendo aberta.
“Filhos ingratos. Esqueceram-se mim! Eu também sou mãe!” – pensou. Decidida resolveu ir para o quarto dormir.
De repente a luz se acendeu. Aquela montanha de netos foram os primeiros a correr para abraça-la. Palmas, gritos rompeu o silêncio, e uma frase só soou pelo ambiente:
“FELIZ DIAS DAS MÃES DONA JULIETA! FELIZ ANIVERSÁRIO!”
Refeita do susto viu que todos estavam lá. Não se esqueceram dela. Duas festas na mesma data. Estava feliz da vida, pois mais uma vez a família estava reunida.
13/05/2012