Ontem meu dia começou enfrentando o trânsito infernal do Rio de Janeiro para ir a uma reunião da Susepe na região da Praça Mauá. Como é triste ver uma cidade como o Rio e também São Paulo  manter a cultura dos Estados Unidos e privilegiar o transporte individual. Tentei duas vezes pegar um ônibus e desisti tanto porque não consegui entrar no veículo super cheio, como porque achei até perigoso viajar na porta meio se abrindo... Uma coisa que me faz pensar o que é a vida do pobre que enfrenta isso diariamente e duas ou mais vezes por dia (eu só enfrentei ontem).
E o pessoal parece tão tranquilo, quase contente com tudo. Pode ser alienação ou positivamente força de resistência.
 Quando eu era criança, tanto o Rio como São Paulo tinham bondes que funcionavam bem e não poluiam.  O Rio, eu aprendi a conhecer de bonde: do Andaraí até o largo da Carioca (tabuleiro da baiana) e de lá até a Urca ou Praça General Osório. Em São Paulo usava o ponto do Largo de São Bento e ia curtindo a cidade até a Lapa (era no Largo de São Bento que no carnaval os “turcos” se reuniam cantando uma algaravia de insultos em árabe, degenerando em pancadaria com direito a intervenção enérgica da Guarda Civil). E as duas metrópoles tinham trem para todo o interior do estado. No Rio, a Leopoldina  entrava pelo Espírito Santo e Minas serpenteando entre vales. Em São Paulo, a Companhia Paulista  levava, eu menino, até o colégio interno em Ribeirão Preto. Hoje, tiraram até os trilhos... Será que a Dilma vai cumprir a promessa de investir de novo em linhas férreas e transporte de massa?
A reunião? Foi de um ecumenismo financeiro tradicionalista e ultraconservador. Participo por obrigação, sem vocação. Me espanta constatar que a União Européia ruiu e acabou o sonho-projeto  de diálogo e unidade. Ter-se-ia antes de tudo ajudar cada país a descobrir que não é o único e cada qual deve renunciar à sua arrogância nacional e dogmática e à sua autosuficiência institucional. Isso é difícil. A Igreja está aí para corroborar o que digo.  Será que um dia veremos essa primavera?
 
P.S. Não sou marxista e tão pouco acredito em Papai Noel. Mas admito, a exemplo dos portugueses, a hipótese de as cegonhas trazerem bebês...