Ser Mãe...

Estranha é a vida. Imagino que tenhamos varias gavetinhas, uma para cada sentimento, uma para cada alegria, uma para cada dor e lembrança, quase um arquivo vivo que às vezes adormece, mas vivo.

É dia das mães, meu dia e de tantas outras. Mas cá estou eu hoje, ainda que minha filha e minha sobrinha estejam comigo, pela primeira vez sentindo a tristeza de um filho ausente. Ele que tão cedo optou por seguir seu proprios passos, tão cedo, disse-me: "Mãe, eu sou um homem, não posso ficar a vida toda dependendo de você e do pai". Vinte anos, só vinte anos.

Embora, não se passem três dias sem que me ligue e diga que me ama, ainda assim é uma dor ver meu menino, ou melhor não ver... Pertence a outra mulher, não só se tornou independente como também se casou. Vinte anos, uma criança e longe de mim.

Aquele que ainda me faz ter impulsos de comprar cds de video-game, aquele que ainda me faz pensar no frio do inverno quando acordo pela manhã e me pergunto: Será que se agasalhou?

Aquele que me traz o desejo de fazer um prato a mais e deixar no microondas esperando que chegue da aula para jantar.

Aquele que me faz sentir tão mãe, tão mãe...

Tantos outros dias das mães passei pensando na minha propria mãe que se foi, tantos outros passei sendo filha ainda que fosse mãe...

E foi na ausência do meu caçula, o meu menino tão bom, tão ajuizado que senti-me realmente Mãe... Criando uma nova gavetinha, essa que aos poucos vai se ocupando por esse sentimento, que não sei bem qual é, mas que me traz a sensação de estar parindo dolorosamente novamente um filho para o mundo...

Almma
Enviado por Almma em 13/05/2012
Código do texto: T3665513
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.