Constrangimento.
Um casal diferente: ele grande, claro, alegre, bonitão, vendendo saúde, gostava de cuidar da sua horta, pescar, e jogar carta no bar da esquina nos finais de semana. De segunda a sexta trabalhava apesar de aposentado.
Ela, baixa, morena, sempre adoentada e reclamando.
Esses dias, a encontrei com a filha no supermercado.
Já estava me afastando após cumprimentos de praxe, quando ela me chamou para contar a novidade. “Você não sabe o que aconteceu!”, disse com os olhos brilhando.
Pensei que ia ouvir boa notícia dela ou dos seus filhos. Ela prosseguiu: “O meu marido MORREU!”
-É? Ele parecia tão saudável... Disse eu meio sem jeito.
“Pois é”, disse ela satisfeita: “Simplesmente amanheceu morto”.
Fiquei sem saber o que responder. Olhei para a filha, que sorria sem me olhar...