Amor complicado

Li a entrevista da mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Não da original, mãe dos seus filhos, mas de Andressa, 19 anos mais jovem que ele, com quem vive há nove meses. Casariam em 14 de março, aniversário dela, mas nesse dia ele já estava preso. Andressa é linda. Certamente mais do que hoje é a primeira, com quem o contraventor casou no século passado. Que cuida dos filhos e não deve ter sonhado que o casamento acabaria assim. Os filhos vão à escola, ao shopping, conversam com amigos. Certamente escutam coisas horríveis a respeito do pai. É humilhante vê-lo exposto à execração do País inteiro. Em casa, cabe à mãe recompor a esfacelada imagem paterna. O casal é apenas um entre milhões que se separam. Cachoeira pertence ao grupo daqueles homens ricos e bem relacionados que, de repente, se dão conta de que fica mais elegante apresentar-se nas rodas sociais com uma mulher mais jovem e atraente a tiracolo do que a sua. Para esta deixa-se uma boa condição financeira e tudo está resolvido. Numa sociedade em que aparência é tudo, quem faz isso é aplaudido.

Tempos atrás, uma jovem me disse: “Meu pai não ama minha mãe; apenas depende dela. Usa-a para desfrutar da admiração que não consegue por si mesmo. Expõe a beleza dela para se sentir admirado. Para ele ela é um troféu a ser exibido”. Não sei quanto de verdade há nessa análise pungente. Mas chama atenção o número de maridos que ostentam mulher bem mais nova talvez para afirmar sua condição de conquistadores. Não lhes passa pela cabeça a possibilidade de ela estar mais interessada no seu cadastro do que nos seus belos olhos.

Faz muitos anos, procurou-me jovem senhora para consultar se podia ou não levar à justiça o próprio pai, um setentão que, em vez de se preparar para o encontro com o Criador, vivia para cima e para baixo, carregando de jipe uma lambisgoia que de boba não tinha nada. Já lhe sugara uma casa mobiliada e, com certeza, andava interessada em outras regalias. A esposa que, por décadas a seu lado, aguentara o trabalho na roça, ajudando-a a conquistar o que possuía, corria o risco de terminar os dias na miséria.

Político mineiro madurão, senador ou deputado federal, não me lembro, esteve num casamento que fui fazer no Estado de São Paulo, há algum tempo. Senti pena dele crendo-o viúvo acompanhado da bela filha caçula. Soube depois que não; era sua mulher. Não a primeira, claro. Há um episódio de conhecimento geral e fonte de comentários em todo o Brasil, que todos lembram. Na posse da presidente Dilma Rousseff, mais do que a suprema mandatária da Nação, chamou atenção Marcela, de 27 anos. Ex-miss Campinas de 2002 e 2ª colocada no concurso de miss Paulínia e miss Estado de São Paulo, é a terceira mulher do vice-presidente, que tem 70 anos. Ele é, pois, 43 anos mais velho. Alguém comentou ter pensado que Dilma tivesse trazido a filha, ou o vice-presidente, a neta.

Cada um é dono dos seus atos; ninguém tem o direito de meter o bedelho na vida alheia, concordo. Mas pessoas públicas devem considerar que estão expostas ao julgamento de todos. Gostando ou não, o seu modo de proceder acaba por ditar normas. Se foram eleitas, significa que a sociedade as validou como exemplos. Parcela representativa dos eleitores endossou sua vida e os valores que defendem. É bom ter consciência de que seu comportamento não escapa da apreciação e do discernimento dos homens e mulheres do povo, que somos.

Padre Orivaldo Robles
Enviado por Padre Orivaldo Robles em 11/05/2012
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