A estátua equestre de Pedro Ludovico

A estátua equestre de Pedro Ludovico

estátua equestre:

Ludovico pesa demais

para seu cavalo

impossível não lembrar

o vulto e sua história

A principal praça de Goiânia se chama Praça Pedro Ludovico Teixeira, mesmo nome dado ao Centro Administrativo - que agora se chama Palácio Pedro Ludovico Teixeira.

Na entrada do Palácio das Esmeraldas, já havia um busto de Ludovico. E no estado de Goiás existem quase uma dezena de escolas estaduais batizadas com o nome do ex-"interventor" e governador do Estado. O nome de praças, prédios, ruas e avenidas batizadas em sua homenagem no interior do estado, por sua vez, talvez supere à centena. Na capital, existe ainda um bairro, uma grande avenida e um terminal de passageiros, que levam o seu nome.

Não se pode dizer, portanto, que seu valor e papel na história não tenha sido reconhecido.

Agora, foi instalada na Praça Pedro Ludovico Teixeira uma estátua equestre elaborada pela escultora Neusa Morais (a mesma que criou o clássico "monumento às três raças (rebatizada pela língua do povo de "estátua dos três negrões")", instalado no centro da já citada praça - que a população goianiense chama carinhosamente pelo nome antigo, "Praça Cívica", com a sua figura.

A estátua em questão, foi criada em vida pela artista, mas somente depois de sua morte e muitas indas e vindas, é que foi fundida em bronze e instalada num canteiro próximo ao Centro Administrativo, o que foi objeto de uma estrepitosa polêmica no setor cultural e político da cidade, na qual se envolveram até familiares do homenageado.

Mas, quem a vê de perto e de frente, fica com a impressão de que o cavalo, de olhos esgazeados e a boca aberta, como estivesse ofegante, parece se ressentir bastante do peso de quem o monta. O conjunto da imagem, vista dessa ângulo, não parece em harmonia - e a justaposição da imagem quase hierática de Ludovico com o afobado cavalo, parece conter em si uma espécie de paródia.

E quando Vista do ângulo lateral, pela direita, tem-se a impressão de um outro sintoma de desarmonia do conjunto, Ludovico está grande e cabeçudo demais, em relação cavalo, que parece arquejado. E, de qualquer ângulo avulta tal inferência, ao contrário das estátuas equestes mais conhecidas, o onde avulta justamente o tamanho do animal, em relaçãoà montaria, o que talvez seja motivado justamente pela busca da eliminação do problema, sua contemplação.

E há, ainda, um outro problema, a menos que tenha sido um efeito buscado, desde a concepção da peça: o rosto da figura sobre o cavalo dificilmente lembra o retratado. E quanto mais aumenta a distância da estátua de quem a contempla, mais avulta tal circunstância. A menos, é claro, por algum motivo, este tenha sido um efeito querido, desde o momento de sua concepção.

Sei que não foi só eu quem viu, mas ninguém quis apontar o fato - talvez pelo fato da discussão decorrente envolver o trabalho de uma renomada artista local já falecida e, tratar-se de uma espécie de ícone histórico da política local (que, celebrizou-se, inicialmente, pela entrada na vida pública através do processo de tomada de poder que levou Vargas à Presidência da República)...

- Não há como referir-se às estátuas equestres sem nos recordar de referências de absoluto equilíbrio e beleza, tais como a Gattamelata, de Donatello, que se encontra na cidade de Pádua, Itália.

No Brasil, a lembrança que me vem é do monumento ao Duque de Caxias, de Victor Brecheret, instalada no centro de São Paulo.

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Em 24.10.2012 - madrugada:

24 de outubro

o cavalho do herói ~

sempre assustado

Voltei ao texto, depois de ver a estátua equestre de Ludovico na madrugada de 24 de outubro de 2012, para acrescentar ao que dissera anteriormente que o problema maior do conjunto da composição da estátua em questão talvez seja que o cavalo, por ser tão expressivo, em contraposição ao rosto do personagem histórico, se torna a expressão dominante da composição.

Por assim dizer, o cavalo rouba a cena - e a impressão ou mensagem que deveria se irradiar a partir do conjunto ou do personagem supostamente principal, se dirige, concentra e se difunde a partir da cabeça do cavalo espantado.

É um evidente "erro de mão" da consagrada Neusa Moraes na concepção da peça, que acaba sendo ressaltado pela iluminação atualmente aplicada sobre ela, pois imagino que ela não imaginava tornar o animal a figura central do conjunto equestre...