Baião de viola no Ponto de Cultura
Não quero deixar o mês de maio acabar sem fazer a entrega do Prêmio Leonilla Almeida a algumas mulheres valorosas da Paraíba, entre elas a professora Celeste Fonseca. Aproveitarei a oportunidade para lançar meu folheto “Catedral do saber” e o documentário “Cidade na tela”, com entrevista da saudosa professora Nel Ananias.
Falei com meu compadre Manuel Batista, diretor de cultura de Mari, e ele ficou de trazer o poeta repentista Zé Hermínio. Todo amigo merece um sacrifício. Alguns merecem dois, nenhum merece três, segundo José Cavalcante. Eu mereço dois sacrifícios do meu compadre Neneu, mesmo porque somos bichos da mesma laia, batalhadores pela cultura popular.
A poética popular nordestina sempre me encantou. Sou poeta de bancada, não tenho a força do repente, a mais alta expressão da inculta poesia. Admiro demais meu compadre poeta Zé Hermínio, pessoa delicada e inteligente. Quando fundei a Rádio Comunirária Araçá, pedi a Zé Hermínio um folheto sobre o Padre Ivônio, para vender e fazer caixa para a rádio, naquela época vivendo de esmolas. Ele escreveu o folheto que vendeu feito água, porque o povo de Mari gostava muito do padre. Zé Hermínio é ouro que não mareia. Até hoje sou agradecido pela sua contribuição para aquela aventura cidadã, de instalar e manter uma estação de rádio comunitária.
O bardo Zé Hermínio é amigo do meu compadre Antonio Xexéu, autor dessa sextilha:
Quando eu chego em Mari
Cumpro minha devoção:
Vou à Igreja, me ajoelho,
Rezo a São Sebastião,
Invoco o nome de Hermínio
Pra pedir inspiração.
Por uma questão de prudência elementar, quando você juntar esses dois cantadores não bote muita bebida à vista, porque a cantoria pode acabar logo. Os meninos gostam de enxugar garrafa. Certo dia, Xexéu e Hermínio cantavam na casa de um senhor em Taumatá. Depois de tomar 18 cervejas Cerma, Hermínio saiu-se com essa quadra:
Tatu mora no buraco
Siri na beira da praia
O bicho que mata homem
Mora debaixo da saia.