FALANDO DE ABELHAS

Nossa querida e simpática amiga AGLA quer saber se não sofri algumas picadas de abelhas quando tirei a foto que aí está. Realmente foi o que aconteceu, foram pelo menos umas dez ferroadas. Mas é que eu estava com muita vontade de postar uma foto minha com as abelhas, e teria de ser sem a proteção que envolve o rosto, aliás o corpo todo. Sabia que seria arriscado, mas quando uma ideia entra em minha cabeça, vou com ela até o fim. Quem tirou a foto foi o André, marido de minha sobrinha. Ele ficou afastado alguns metros, eu cheguei devagar perto da caixa, levantei a tampa e puxei um favo para fora. Aí as abelhas já se enfureceram, levei várias ferroadas no rosto e nas mãos. Na foto estou fazendo uma careta, era pelas dores que eu estava sentido. Mas tudo bem, foram só alguns segundos para tirar a foto; pus o quadro de volta, coloquei a tampa e rápido nós saímos dali para colocar a foto no computador. Não saiu bem como eu queria porque fiquei muito de perfil, mas agora fica assim mesmo. Para tirar uma foto melhor, o número de ferroadas também poderá ser maior.

Essa caixa de abelhas estava nos fundos de minha casa, onde só ficou por alguns dias. Meu apiário se localiza em zona rural, dentro do mato, razoavelmente afastado de qualquer moradia. Fundos de residências não são apropriados para criar abelhas, por ser muito perigoso. Mas como estou sempre procurando apanhar mais enxames, coloco por aí algumas caixas vazias com lâminas de cera; isso atrai as abelhas, depois que o enxame entra e se instala, espero só uns dias e levo a caixa embora antes que os vizinhos comecem a reclamar.

Tive sérios problemas há alguns anos, quando estava iniciando minha atividade como apicultor, ainda com pouca experiência. Pelo meio de meu bairro passa uma estrada ferro que está desativada há uns vinte anos. Minha cidade é o fim da linha férrea e não vem mais trem até aqui. Em ambos os lados da linha cresce bastante mato, e nessa área, escondida, que até então só servia para maconheiros e para casais transar de dia e de noite, resolvi colocar umas caixas de abelhas. Durante um ano ou mais, tudo ia bem, já estava tirando bastante mel. Mas um dia as abelhas se enfureceram, nem sei por que, saíram em direção à avenida, distante uns duzentos metros e se puseram a atacar as pessoas na rua; invadiram a farmácia, a lotérica, o banco, que tiveram de fechar as portas. Era gente correndo pela rua em desespero. Eu estava por perto e também fiquei apavorado. Mas logo chegaram bombeiros e colocaram veneno em todas as caixas. Veio também a polícia à minha procura, pois todos sabiam que as caixas de abelhas eram minhas, e nos dias seguintes não se comentava outra coisa. Depois desse incidente, abelhas na cidade não quis nunca mais. Como diz todo mundo, é errando que a gente aprende.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 10/05/2012
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