CONSOLO SEXUAL

Lembrei-me, hoje, dos domingos que passávamos na casa de minha avó materna e surgiu na minha memória a imagem da avó cheirando rapé. Muito curiosas, como todas as crianças, eu e minhas primas ficávamos de olho na caixinha para, num descuido das mães, surrupiarmos um pouco daquela substância proibida para nós e sentir seus efeitos. Um dia conseguimos! Pior que logo fomos descobertas! Também, com toda aquela espirradeira, não demorou um segundo para que nossas mães descobrissem onde nos escondíamos e lá veio o sermão! Mas, mesmo assim, a coisa não parou por aí e sempre que a ocasião se apresentava lá estávamos nós a "roubar" um pouquinho. Só que ficamos espertas e passamos a ir bem longe da casa, pois o sítio era grande e lugares para se esconder não eram poucos.

Levada pelas lembranças, fui até o Google e qual não foi minha surpresa ao ver tantos sites falando no velho rapé! E eu pensando que fosse coisa do passado! E, como sempre, descobri coisas que em minha meninice nem imaginava! Uma delas até meio cabreira escrevo aqui: embora pareça estranho, um dos recipientes para colocar o rapé tinha o nome de b.o.c.e.t.a. Pode? Alguém confirma isso? Quanto a mim confesso que fiquei em dúvida e penso ser brincadeira de internauta.

O rapé, muito usado por indígenas sul-americanos, em rituais religiosos, para a desintoxicação das vias respiratórias, para baixar a pressão sanguínea e a febre, foi bastante difundido no Brasil, como hábito elegante, até o início do século XX. É citado por Machado de Assis em Bote de Rapé e Eça de Queirós em Os Maias. Mas, apesar do uso terapêutico, dizem as más línguas que, no mundo civilizado, as pessoas utilizavam para sentir um prazer semelhante ao orgasmo. Afirmam os entendidos que orgasmo e espirro são bastante parecidos. Quando está para vir ninguém consegue segurar, depois deixa uma sensação gostosa de alívio e bem estar. Temos aí, então, um belo consolo sexual quando a situação é de vacas magras...