AUSÊNCIA

Quando eu me for, deixarei a você o gosto de ter me pertencido. Dentre todos que amei, apenas você conseguiu subjugar-me, apenas você me teve em plenitude, apenas você sentiu o doce da minha amargura. Não, isso não é ruim. Saiba que sempre mostrei aos outros alegria, contentamento, e raras foram as vezes em que fui realmente feliz. Entenda que precisava vestir um sorriso a quem me dava a mão, era uma forma de não afastar um alguém qualquer de mim. Mas só você conheceu meu lado sem máscaras, minha face sem a maquiagem do oportunismo, minha cara limpa. É, eu precisei ser assim para sobreviver à falta de sua presença. Você sempre foi meu refúgio, mesmo quando foi ausência. E desde esse sempre que você esteve dentro, habitou meu lado bom e meu lado pior. Sempre, sempre, sempre você. Só você. Quando eu me for, levarei o gosto de ter te pertencido. Só eu. Essas são minhas derradeiras palavras destinadas a quem me ler, quando eu me for, quando eu falecer, porque morta fiquei quando fui privada de você.