A LITERATURA NÃO PODE SER BANALIZADA!!!


          A Literatura é uma "ciência" que preferiu sair da estrada principal - que prioriza o aspecto racional - e caminhar por atalhos - que dão as mãos ao aspecto emocional.
Entretanto, a emoção e a sensibilidade que são, ou deveriam ser, a gênese de toda criação literária, não podem se descuidar de alguns aspectos fundamentais, principalmente no que concerne ao enquadramento do gênero literário a que se propôs o "autor da obra". Aqui, neste doce Recanto, milhares de leitores(as) e escritores(as) trocam conhecimento, fragilidade, força e emoção. Assim sendo, torna-se necessário respeitar a pessoa que - de forma espontânea e generosa - se dispõe a ler e comentar aquilo que o nosso coração e alma transcreveram para uma folha de papel. Não podemos nos dar o direito de banalizar a literatura, por meio de títulos sensacionalistas ou por meio de uma classificação não condizente com o texto apresentado.
          Por diversas vezes, acessei "sonetos" que sequer se deram ao cuidado do formato literário básico, ou seja, dois quartetos e dois tercetos; sequer se deram ao cuidado de observar o aspecto fundamental da rima. Sei que os poemas modernos dispensam a rima; assim sendo, se eu quero compor um poema em que a rima não esteja presente, eu tenho todo o direito de compô-lo, porém, não tenho esse mesmo direito para classificá-lo como soneto. Acessei textos classificados como "CONTO - TERROR", que não tinham mais que seis linhas escritas, com uma pitada de humor destituído de graça...  talvez  o autor do texto possuísse verdadeiro "terror de contar o que pretendia". Porém, o pior mesmo foi ter acessado um texto classificado como "CONTO - TERROR" e - aterrorizado - descobri que o autor o compôs em versos.
          Como se não bastasse, existem ainda aqueles que colocam TÍTULOS SENSACIONALISTAS com o claro intuito de abocanhar o maior número possível de  leitores(as), ou seja, a sua preocupação e foco estão centrados em números estatísticos e não em levar uma mensagem séria, sensível ou bem-humorada, elaborada de forma a respeitar e encantar quem a leia. Como exemplo, foi postado aqui - recentemente - um texto com o seguinte título: AS FOTOS DE CAROLINA DIECKMANN NUA... Em menos de 24 horas, houve mais de - pasmem! -  3.000 acessos. Numa sociedade movida pela erotização, o título foi como ímã colocado próximo a uma caixa de alfinetes: atraiu milhares de pessoas ávidas por verem a tão sonhada atriz da forma em que veio ao mundo, ou seja, totalmente nua. Ainda bem que o autor critica a banalização do sexo e da pornografia, fala sobre os cuidados a serem observados com o trato de fotos na internet, para que não caiam em mãos inescrupulosas e reconhece que armou uma armadilha para comprovar o alto índice de erotização e como o brasileiro se sente atraído pelo assunto.  Mas... perdoe-me, nobre colega, pois pude perceber que o seu íntimo comemorou o número recorde de acessos e - salvo melhor juízo - creio que você colocou em risco a credibilidade de um site tão sério como o RECANTO DAS LETRAS, ao usá-lo para fazer uma propaganda enganosa, visto que você não postou sequer uma foto da tão badalada e famosa atriz. Fica a pergunta: será que estes mais de 3.000 leitores - FRUSTRADOS!!! -  esquecerão o engodo de que foram vítimas e voltarão a acessar este renomado site?
          Assim sendo, valho-me do momento, para fazer uma súplica a todos os poetas e poetisas que aqui registram o que lhes vai no coração e na alma: NÃO BANALIZEMOS A LITERATURA!!! Escrever... compor... é brincar com as palavras, reconheço! Entretanto, ouso afirmar - sem nenhum medo de errar - que é uma das brincadeiras mais sérias que se pode fazer.
          Termino, citando um fragmento poético de uma das maiores poetisas do nosso país - Cecília Meireles - , que entendeu a verdadeira dimensão da literatura e a real força das palavras, quando profetizou:
          "Ai, palavras! Ai, palavras!
          Que estranha potência a vossa!
          Todo o sentido da vida
          Principia à vossa porta!" 


          É oportuno reverenciar os grandes poetas e poetisas que transformam esse doce Recanto em uma fonte de "mel literário", como, por exemplo: Ana Flor do Lácio, Denise Matos, Sílvia Regina, Jacó Filho, Lianatins, Lenapena, Sérgio Márcio, Dolce Vita, Maria Mineira...

                    Os nomes citados são uma pequena amostragem e não possui a pretensão de esgotar a extensa lista de profissionais e artesãos da palavra que nos brindam com a beleza dos seus escritos.


Alexandre Brito - 09/05/2012
(*) Imagem: Google
Alexandre Brito
Enviado por Alexandre Brito em 09/05/2012
Reeditado em 09/05/2012
Código do texto: T3658169
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