Podia estar pior
Lindomar, que de lindo não tinha nada, tinha saudades da família. Embora conversasse com a esposa e os dois filhos menores por telefone quase que diariamente, a distância ainda o machucava bastante. Os dias eram muito ociosos. O tempo se arrastava numa rotina disciplinada e submissa. Lindomar sabia que os filhos estavam passando bem, sabia que a mulher lhe era fiel (pelo menos insistia nessa certeza). Mas a família não estava passando fome. Os 915 reais do auxílio-reclusão quebravam um galho, pelo menos até os dois anos em que o presídio seria sua casa.