Show para velhinhos
Acostumada a viajar só com o marido ou com ele e os filhos, poucas vezes na vida peguei uma excursão. Mas desta vez como o grupo era pequeno e os amigos insistiram, aceitamos ir a Conservatória. Boa companhia, alegria geral e alguém sempre a fazer uma piada foi o suficiente para manter o bom astral. Valeu a pena, ficamos num bom hotel, tudo correu bem e nos divertimos.
Conservatória, no estado do Rio, é a cidade das serestas. Parece uma cidadezinha, mas na verdade é um distrito de Valença, que permanece ‘fantasma’ durante a semana e ganha vida intensa de sexta a domingo. Ali se vive de cantar, um pouco durante o dia e muito noite adentro. Assim que anoitece os bares se enchem de turistas. Com mesas colocadas na rua, cada bar tem um cantor. A música e a cerveja são aquecimentos para a atração principal: a chegada dos seresteiros por volta das 23 horas. Um grupinho de homens de cabelos brancos acompanhados de alguns músicos vem cantando pela rua. Todos se levantam e uma procissão se forma atrás deles que vão entoando serestas, andando e dando umas paradinhas de vez em quando para declamar um poema. E receber calorosos aplausos. Quem sabe as letras acompanha a cantoria.
Como a seresta é um gênero musical antigo que parou no tempo, não interessa aos jovens, por isso o público que para lá acorre é praticamente só de coroas. Que pelo amor à música se mantêm acordados e animados. Mesmo alguns mais idosos, já com dificuldades para andar, não deixam de seguir o cortejo. Bem agasalhados, sem se importar com o frio e o sereno.
Presenciando aquele espetáculo não pude deixar de pensar que velhinhos também têm direito a shows!
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